O sindicato que representa os atores de Hollywood (SAG-AFTRA) chegou nesta quinta-feira (09/11) a um acordo preliminar com os estúdios de cinema e serviços de streaming (AMTP) para colocar um ponto na final a uma greve que já dura 118 dias, iniciada em julho.
“Estamos entusiasmados e orgulhosos em informar que hoje o Comitê de negociação TV/Teatro aprovou por unanimidade pela aprovação de um acordo provisório com a AMPTP. A partir das 12h01 (horário do Pacífico) do dia 9 de novembro, nossa greve está oficialmente suspensa e todos os locais de piquete estão fechados”, informou o sindicato por meio das redes sociais.
THE #SagAftraStrike IS OVER.
? Thread below. pic.twitter.com/KDTl9uKBRt
— SAG-AFTRA (@sagaftra) November 9, 2023
De acordo com o comunicado do SAG-AFTRA, “um contrato avaliado em mais de um bilhão de dólares” alcançou “aumentos de remunerações mínimas acima do padrão, disposições sem precedentes para consentimento e compensação que protegerão os membros da ameaça da Inteligência Artificial e pela primeira vez um bônus de participação em streaming”.
“Chegamos a um contrato que permitirá aos membros do SAG-AFTRA de todas as categorias construir carreiras sustentáveis. Muitos milhares de artistas, agora e no futuro, beneficiarão deste trabalho”, declarou o sindicato, também informando que o orçamento para planos de saúde dos atores foram aumentados.
O comunicado ainda agradece os “irmãos sindicalizados e trabalhadores que impulsionam essa indústria”, os roteiristas do WGA, uma vez que os atores de Hollywood iniciaram a paralisação seguindo a decisão do sindicato de roteiristas.
No entanto, a paralisação dos roteiristas teve fim em setembro, após uma votação ter aprovado de forma unânime o acordo fechado com os representantes dos estúdios.
SAG-AFTRA/Twitter
Greve do SAG-AFTRA durou 118 dias, iniciada em julho com a paralisação dos roteiristas
O jornal New York Times informou que o Writers Guild of America (WGA), que representa 11,5 mil roteiristas de cinema e televisão, enviou aos seus membros um contrato provisório de três anos com empresas de entretenimento que aguarda ratificação.
Os estúdios teriam concordado com algumas exigências da WGA por aumentos de salário, garantias de escrita de roteiros, royalties mais elevados para trabalhos de streaming e proteções contra “inteligência artificial”.
Modelos de negócio “propositalmente secretos”
Vale recordar que em entrevista a Opera Mundi, em agosto, Eliza Paley, profissional de edição de som de produtos cinematográficos nos Estados Unidos, avaliou que apesar das exigências quanto aos contratos, os modelos de negócio das empresas de streaming são “propositalmente secretos”.
“Historicamente, era possível medir a quantidade de dinheiro que os filmes traziam através das receitas de bilheteira e das vendas de DVD e, por isso, os sindicatos podiam negociar uma fatia do bolo que todos conheciam. Atualmente, o modelo de negócio destas empresas é propositalmente secreto. Não querem, de forma alguma, revelar onde e como estão ganhando dinheiro e, definitivamente, não querem compartilhar nada desse montante”, disse Paley, que também é integrante do Aliança Internacional de Empregados de Palcos Teatrais (IATSE, sigla em inglês), sindicato que representa os técnicos e trabalhadores da indústria audiovisual do Canadá e Estados Unidos.
Paley também considerou que “os atores são, naturalmente, um grande impulso para o esforço, uma vez que têm um perfil mais elevado e são naturalmente carismáticos. A maioria das pessoas não sabe quem escreve seus filmes ou programas de televisão favoritos, mas normalmente sabe quem são as estrelas”.
(*) Com Ansa