A autópsia preliminar do cadáver do jovem negro Michael Brown, assassinado por um policial na cidade de Ferguson, revela que ele recebeu pelo menos seis disparos: dois na cabeça e quatro no braço direito. O toque de recolher decretado pelo governador Jay Nixon para tentar conter os protestos fracassou, pois as manifestações aumentaram a ponto de a Guarda Nacional ter que ser enviada à cidade.
A investigação foi realizada a pedido da família de Brown, pelo médico Michael Baden, famoso por apresentar o programa “Autópsia”, da HBO. O exame realizado um dia depois da morte havia indicado que o jovem morrera após receber o impacto de disparos, mas não especificou de quantas balas.
Autopsy shows Michael Brown was shot at least six times, including twice in the head http://t.co/bwyBZi4Crn pic.twitter.com/dJA0Jt4Jfm
— The New York Times (@nytimes) August 18, 2014
De acordo com informação do jornal The New York Times, a autópsia revela que todos os projéteis foram disparados de frente, nenhum pelas costas – o que descarta a possibilidade de que ele tenha corrido – nem à queima-roupa, já que não há vestígio de pólvora no corpo de Brown. Mas esta hipótese é preliminar, já que Baden não teve acesso à roupa que o jovem usava no dia em que morreu.
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Ontem, o procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, anunciou que o Departamento de Justiça realizará sua própria autópsia. A informação foi bem recebida pelos advogados da família.
Punição
O resultado da autópsia realizada por Baden confirma a tese apresentada por testemunhas de que se tratou de uma execução, o que contraria a versão da polícia de que Brown morreu depois de reagir de forma agressiva e resistir à detenção.
Agência Efe
Protestos continuam em Ferguson mesmo com toque de recolher
Com base nisso, a família de Brown se convenceu de que o policial Darren Wilson, de 28 anos, acusado de ter atirado no garoto, deve ser preso.
“O que mais nós precisamos para prender o assassino do meu filho”?, perguntou a mãe de Brown ao advogado da família, Benjamin Crump, conforme relatado por ele durante coletiva de imprensa hoje.
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“Nós acreditamos que, dados esses fatos, este policial deveria ter sido preso”, ressaltou o advogado Daryl Parks também durante a coletiva.
Em declarações à CNN, o reverendo Jesse Jackson disse que a autópsia de Baden pode aumentar as tensões em Ferguson e chamou o documento de “muito provocativo”.
Guarda nacional
A tensão voltou a aumentar após o toque de recolher decretado na cidade. Ontem, novos confrontos ocorreram entre a polícia e os manifestantes, deixando uma pessoa ferida, em estado grave, e sete detidos.
Para tentar acalmar a situação, o estado de Misuri decidiu enviar a Guarda Nacional a Feruson para “restabelecer a paz e a ordem e proteger os cidadãos” da comunidade, afirmou Nixon.
Agência Efe
Manifestantes encenam assassinato de Brown cometido por um policial branco
Em declarações à imprensa, Nixon criticou o que chamou de “atos criminosos de violência”. “Condenamos estas atividades criminosas, incluindo disparos contra as forças de segurança e civis, assim como o lançamento de coquetéis molotov, os saques e as tentativas de bloquear estradas e atacar os postos de comando unificado”, disse em um comunicado oficial.
Diante da violência crescente, o governo federal decidiu ter mais envolvimento na investigação. O presidente Barack Obama chegou a cancelar as férias para acompanhar a situação de perto. Hoje, ele vai encontrar com o secretário de Justiça, Eric Holder, para se informar sobre o caso.
O Departamento de Justiça enviou 40 agentes do FBI para investifar o caso e colher depoimentos dos fatos.