Após pouco mais de 10 dias de intensos conflitos armados, os governos da Armênia e do Azerbaijão concordaram em se reunir para debater um cessar-fogo na região autônoma de Nagorno-Karabakh, informam a Rússia e a França nesta sexta-feira (09/10).
Em entrevista à agência francesa AFP, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, informou que os ministros do Exterior de Baku, Jeyhun Bayramov, e de Erevan, Zohrab Mnatsakanyan, se reunião hoje em Moscou para iniciar as tratativas.
Já o governo francês emitiu uma nota informando que a “trégua” deve ser anunciada na noite desta sexta ou neste sábado (10/10).
As informações confirmam um anúncio do presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizado na noite desta quinta-feira (08/10), de que os mandatários das duas nações concordaram em negociar com a intermediação do chamado “Grupo de Minsk”, formado pelos russos e franceses e que tem a participação dos Estados Unidos.
No entanto, apesar de informarem que negociarão o cessar-fogo, a troca de acusações entre os dois governos continua. Pouco antes de confirmar a reunião, Mnatsakanyan afirmou que o ataque azeri contra a igreja em Shusha, um dos símbolos dos separatistas, e contra jornalistas que estavam no local foi feito de “maneira intencional”.
“O ataque contra localidades povoadas e pacíficas é intencional e mira por obstáculos na documentação e na apresentação à comunidade internacional sobre os crimes de guerra cometidos pelo Exército azeri”, acrescentou o ministro.
A ação contra a Catedral do Santo Salvador teria sido feito, conforme Erevan, com dois mísseis lançados no momento em que os jornalistas visitavam o local para verificar os danos causados por um bombardeio anterior. Um dos jornalistas está internado em estado grave.
Flickr/kaumar
Agressões começaram há 10 dias na região autônoma de Nagorno-Karabakh
Conflito
Desde 27 de setembro, a região tem sido palco de uma escalada de tensão entre o Azerbaijão e tropas locais apoiadas pela Armênia, que defendem sua autonomia frente à postura intervencionista do governo azeri.
Mortes e danos materiais têm sido reportados de ambos os lados, enquanto a Armênia acusa a Turquia de estar envolvida no conflito e apoiar o Azerbaijão.
Diversos órgãos internacionais fizeram apelos para um cessar-fogo imediato e a retomada das negociações de paz. Além das entidades, os governos da Rússia, Alemanha, França, Itália, Estados Unidos e Irã também fizeram o pedido pelo fim dos combates e articulam uma frente de negociações.
Nagorno-Karabakh, território autônomo com população de maioria armênia, se declarou independente em 1991 da República Socialista Soviética do Azerbaijão. Tal episódio levou a confrontos militares que duraram até 1994, quando ambos os lados concordaram em começar conversações para atingir a paz, mediadas pelo Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Nagorno-Karabakh permaneceu sendo uma república não reconhecida, e as relações entre Baku e Erevan têm permanecido tensas.
*Com ANSA