A Bélgica assume nesta segunda-feira (01/01) a liderança do Conselho da União Europeia nos próximos seis meses. No comando do bloco, o país deverá gerenciar questões como o “Green Deal” – o Pacto Ecológico Europeu – e o Pacto Migratório, além de outros desafios. Entre eles, a ameaça da extrema direita nas próximas eleições europeias.
“A Bélgica tem a União Europeia no seu DNA”, afirmou o primeiro-ministro do país, Alexander De Croo, ao apresentar as seis prioridades da presidência belga nos próximos meses.
A Bélgica pretende promover o Estado de direito e da democracia no bloco, reforçar a competitividade econômica, prosseguir com a transição verde, reforçar a agenda social antes das eleições europeias de junho de 2024, proteger as fronteiras e pessoas – imigração – e promover uma Europa global.
“Esta é a 13ª vez que o país exerce a presidência rotativa do bloco. Então, de certa maneira, nós sabemos o que é preciso fazer. Nós temos experiência, sabemos que as expectativas são grandes e esperamos respondê-las”, declarou De Croo. Pelo fato de a Europa estar enfrentando um ambiente geopolítico mais “instável” e “hostil”, a presidência belga deve priorizar a estabilidade do continente europeu e continuar a demonstrar apoio à Ucrânia.
Caberá também aos belgas rever o futuro alargamento da União Europeia e determinar quais as reformas necessárias para garantir que o bloco esteja preparado para absorver novos membros como a Ucrânia e Moldávia.
Eleições europeias decisivas
Mais de 400 milhões de eleitores dos 27 países membros da União Europeia vão escolher seus representantes nos próximos cinco anos, no Parlamento Europeu, a única instituição democraticamente eleita do bloco.
Os pleitos ultimamente têm sido marcados pela baixa participação nas urnas, mas segundo pesquisas mais pessoas pretendem votar este ano. Apesar do aumento de eleitores, as pesquisas apontam para grandes ganhos da extrema direita.
Conselho Europeu
Bélgica irá presidir o Conselho Europeu durante todo o ano de 2024
De acordo com as projeções, o Identidade e Democracia (ID), que integra partidos de extrema direita, deve se tornar o terceiro maior grupo político do Parlamento Europeu. Já os Verdes podem perder mais de um quarto de seus deputados, após uma reação negativa sobre os custos das políticas ambientais promovidas pela União Europeia nos últimos anos.
Todos os grupos políticos pró-Europa – o centro-direita Partido Popular Europeu (EPP), o centro-esquerda Socialistas e Democratas (S&D) e o Renew – devem perder influência. Ao abordar a ameaça da extrema direita nas eleições europeias, o primeiro-ministro belga Alexander De Croo afirmou que quer “mais resultados, menos conversas, e veremos o que acontece nas eleições”.
A recessão econômica nas principais economias do bloco europeu, as mudanças climáticas e a imigração serão determinantes nas campanhas. As eleições ainda decidirão quem irá liderar a Comissão Europeia em seu novo mandato de cinco anos. Há grandes chances de que a atual presidente do executivo do bloco, Ursula von der Leyen, se candidate novamente.
Bélgica vai às urnas
Além das eleições europeias, a Bélgica também irá às urnas no dia 9 de junho para escolher os novos deputados federais e regionais que devem substituir o atual governo de coligação. As sondagens mostram um quadro bastante conhecido, com o partido de extrema direita Vlaams Belang liderando em Flandres, o Partido Socialista na dianteira na Valônia e os liberais na região de Bruxelas-Capital.
A probabilidade de uma guinada à extrema direita, especialmente depois da vitória da extrema direita na vizinha Holanda, está colocando uma pressão adicional no país cujo sistema político é bastante complexo.
A Bélgica sedia o governo federal belga em Bruxelas, o governo regional flamengo, o governo da comunidade francófona da Valônia, o de Flandres; na verdade, coabitam no país de 11.6 milhões de habitantes três comunidades de três regiões distintas totalizando assim oito governos e nove parlamentos. Além da Bélgica, Portugal, Finlândia e Lituânia também irão eleger novos governos.