A Bolívia afirmou que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, buscar reavivar “o caminho da violência e da confrontação” no país e que as ações do órgão “não ficarão impunes”.
Em nota emitida pela chancelaria boliviana na noite desta terça-feira (16/03), o país destacou as últimas declarações de Almagro sobre a prisão da ex-presidente autoproclamada Jeanine Áñez e lembrou do papel da OEA no golpe de 2019 que forçou a renúncia de Evo Morales.
“O senhor Almagro não tem autoridade moral nem ética pra se referir à Bolívia depois do profundo dano que causou ao povo boliviano com sua ingerência colonialista durante o processo eleitoral de 2019”, disse o Ministério das Relações Exteriores.
As declarações vêm após o secretário-geral da OEA emitir um comunicado classificando os processos contra os participantes do golpe como “abuso de mecanismos judiciais” e pedindo a libertação de Áñez e “de todos os detidos nos marcos desse contexto”.
Além disso, o órgão afirmou haver na Bolívia “ameaças de perseguição judicial a políticos opositores do governo” do presidente Luis Arce e pediu reformas no sistema Judiciário.
“O comunicado de Luis Almagro, como suas ações no passado, tem como objetivo polarizar nosso país com base em mentiras, pretendendo reavivar o caminho da violência e da confrontação entre bolivianos. O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia expressa que levará adiante as iniciativas necessárias para que as reprováveis ações de Almagro não fiquem impunes”, disse o governo.
Flickr/OEA
Chancelaria boliviana disse que Almagro ‘não tem autoridade moral nem ética pra se referir à Bolívia depois do profundo dano que causou’
Prisão de Áñez e participação da OEA no golpe
O novo embate entre o governo boliviano e a OEA vem após a Justiça boliviana executar diversos pedidos de prisão contra militares, policiais e antigos membros do governo de Jeanine Áñez, que se formou após o golpe de 2019.
A própria ex-presidente autoproclamada foi presa na madrugada do último sábado (13/03) pelos crimes de sedição, terrorismo e conspiração. Ex-ministros de seu governo também foram detidos.
Em novembro de 2019, forças de extrema direita iniciaram um movimento golpista pela saída do então presidente Evo Morales, que havia vencido a eleição presidencial recém realizada.
A justificativa utilizada pela direita foi uma suposta fraude eleitoral cometida a favor de Morales. À época, a OEA e Almagro apoiaram o golpe e endossaram a versão de fraude eleitoral.
Meses depois, já no ano de 2020, estudos realizados por institutos eleitorais independentes e pelo jornal norte-americano Washington Post apontaram que não houve fraude no pleito e que Evo havia vencido as eleições de forma legítima.
México critica ingerência de Almagro
Nesta terça-feira (16/03), o governo mexicano pediu que Almagro interrompa sua nova ingerência nos assuntos interno da Bolívia e evite a confrontação com o governo de Luis Arce.
“Fazemos um chamado ao secretário-geral da OEA para se portar de acordo com sua funções, fomentando o diálogo, o consenso e a solução pacífica das controvérsias no hemisfério e não polarizando”, disse Efraín Guadarrama, diretor-geral de Organismos e Mecanismos Regionais Americanos do Ministério das Relações Exteriores do México.
Segundo o governo mexicano, “isso inclui evitar os posicionamento que busquem ingerência nos assuntos internos da Bolívia”.