Mais de cinco milhões de bolivianos poderão votar nas eleições gerais de hoje (6), na maior votação da história do país, segundo apontam as autoridades. Além de escolher presidente, deputados e senadores, os eleitores de alguns departamentos (estados) terão um referendo sobre a autonomia prevista na nova Constituição, aprovada em janeiro desse ano. Pela primeira vez, os bolivianos que vivem no exterior vão poder votar – serão 83.953 ao todo.
O franco favorito é o atual presidente, Evo Morales, 50 anos e primeiro indígena a ter sido eleito na Bolívia. Duas pesquisas deram a ele esta semana entre 52% e 54% dos votos, mais de 30 pontos à frente de seu maior rival, Manfred Reyes Villa, de direita. Na Bolívia, o candidato que obtiver mais de 50% dos votos é eleito no primeiro turno.
Para o Congresso Nacional, que desde janeiro se chama Assembleia Plurinacional, serão eleitos 130 deputados e 36 senadores.
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Imigrantes
O governo boliviano calcula que por volta de 250 mil bolivianos residentes fora do país irão votar nas eleições de hoje. Somente em São Paulo serão 18 mil, onde cinco zonas eleitorais foram montadas em bairros onde é tradicional a presença boliviana: Barra Funda, Bom Retiro, Brás, Canindé e Santana. Haverá votação na Argentina, Espanha e Estados Unidos também.
“Os locais foram escolhidos criteriosamente com base na quantidade de bolivianos e bolivianas que vivem nestes bairros”, explicou à ANSA Jorge González, representante da Corte Nacional Eleitoral (CNE) boliviana em São Paulo.
Entre os dias 15 de setembro e 15 de outubro, a entidade promoveu uma campanha e cadastramento com vários pontos de inscrição espalhados pela cidade.
Para fazer o registro, bastava ter mais de 18 anos e apresentar um documento de identidade ou passaporte em vigência. O procedimento, inteiramente eletrônico, consistiu em armazenar fotos, uma assinatura e a impressão digital de cada eleitor.
O padrão de identificação biométrica é a novidade das eleições. Segundo o deputado Dr. Rosinha (PT/PR), presidente da Comissão de Observadores Eleitorais do Mercosul, esta será a primeira vez na América do Sul que os eleitores serão identificados por meio das digitais.
“O recadastramento de todos os bolivianos, num tempo recorde de 3 meses, e hoje esta é a novidade que dá mais segurança ao resultado eleitoral. Até recentemente, a identificação era feita somente pelos documentos. Agora, ela muda a característica”, afirmou à Rádio Câmara.
Referendo
La Paz, Cochabamba (centro), Chuquisaca (sul), Oruro (oeste) e Potosí (sul) decidirão se querem adotar o modelo de autogoverno departamental contemplado na Carta Magna. É a segunda vez que estes departamentos vão se pronunciar sobre sua autonomia, rejeitada em um referendo realizado em 2006, quando o “sim” ganhou em Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija.
Além destas cinco consultas, a subregião de Chaco, no sudeste do país, se pronunciará sobre a adoção de um regime autônomo de caráter regional.
A CNE também aprovou a realização de referendos em 12 municípios que reivindicam o status de região autônoma indígena.
A realização das eleições gerais e destes referendos, assim como o voto de quem vive no exterior e a eleição de uma quota de deputados indígenas na futura Assembleia Plurinacional, obrigou a CNE a elaborar até seis cédulas para a votação.
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