A emissora norte-americana CNN, ao descrever a movimentação bolsonarista no bicentenário do Dia da Independência, nesta quarta-feira (07/0) destacou que, embora trate-se de um “feriado nacional apartidário”, a data é utilizada por Bolsonaro como “marco fundamental em sua campanha de reeleição”.
“Enquanto o Brasil se dirige para as eleições presidenciais no próximo mês, o presidente Jair Bolsonaro parece estar distorcendo o feriado nacional para fins partidários”, escreveu a emissora, acrescentando que “os apelos do presidente à ação têm sido amplamente interpretados como ecoando a retórica de renúncia eleitoral do ex-presidente americano Donald Trump”.
A agência britânica Reuters, também referenciando o ex-mandatário dos Estados Unidos, destacou a possibilidade de que Bolsonaro reivindique “uma fraude eleitoral” como fez Trump. A agência ainda mencionou o desentendimento entre Jair Bolsonaro e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que impediu a entrada de caminhões e tratores na Esplanada.
A Reuters disse ainda, sobre os atos bolsonaristas, que “os comícios podem incendiar os apoiadores de Bolsonaro, mas ele enfrenta o risco de aumentar seu número de rejeições se sua retórica se esgotar, como aconteceu no Dia da Independência do ano passado”.
Ao noticiar celebrações bolsonaristas na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, durante a véspera do bicentenário (06/09), o jornal britânico The Guardian definiu os eventos como uma “tentativa de mostrar força perante as eleições mais importantes do país desde o regresso da democracia em 1985”.
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Guardian definiu eventos bolsonaristas como ‘tentativa de mostrar força perante as eleições mais importantes do país desde 1985’
O veículo também destacou que a “alegria de direita” nos eventos pró-bolsonaristas é contrastada pela “raiva progressiva”, fruto da reesignificação da celebração do bicentenário pelos apoiadores de Jair Bolsonaro, adicionando que há temores de que os eventos bolsonaristas possam “desencadear cenas de tumulto que lembrem a tempestade do ano passado no Capitólio dos EUA por seguidores de Donald Trump”.
Já a emissora multiestatal venezuelana Telesur, focou nos atos do Grito dos Excluídos e Excluídas, manifestações que ocorrem desde 1995 como contraponto à comemoração do Grito da Independência, enquanto criticava a postura de Jair Bolsonaro, descrevendo que sob seu governo aumentou o “número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar, falta de moradia e pouco ou nenhum acesso aos serviços de saúde, enquanto o setor mais rico da população viu crescer suas grandes fortunas”.
A TeleSur também destacou que, enquanto Bolsonaro “participou de um desfile militar e depois de um comício eleitoral na capital, Brasília”, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “não organizou nenhum evento de campanha para este dia”.
A Rádio França Internacional (RFI) noticiou protestos contra Bolsonaro na Europa e afirmou que enquanto no Brasil as comemorações “acontecem com a campanha presidencial como plano de fundo”, o evento “suscita reações no exterior”.
A data, segundo a RFI, foi marcada por uma “intervenção político-artística” em defesa da democracia e do Estado de Direito, na embaixada brasileira em Paris, com cartazes que diziam “Tortura Nunca Mais”, “Abaixo Fascismo” e “Fora Golpistas”, além de um protesto em Barcelona, organizado pelo grupo Mulheres Brasileiras contra o Fascismo, na praça Sant Jaume, e uma manifestação em Genebra, onde um grupo de ativistas anunciou um protesto contra Bolsonaro.