O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou, nesta terça-feira (22/08), durante a 15ª Cúpula do Brics, na África do Sul, que o Brasil voltou a ser uma nação preocupada com a preservação ambiental, após anos de governos que não valorizavam a questão.
“O Brasil se distanciou muito dos objetivos firmados nos fóruns internacionais a respeito da mudança climática”, disse Haddad durante o Fórum Empresarial da cúpula, na cidade de Joanesburgo.
“E o presidente Lula, não só pela sua própria voz, mas pela nomeação de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente, sinalizou, a partir do primeiro dia de seu mandato uma total reorientação de prioridades em torno da mudança climática, desafio global da maior importância”, complementou.
Fonte de energia limpa
O ministro afirmou que o Brasil pretende realizar a transição da matriz energética para uma que mescle diferentes formas de energias renováveis: solar, hidrelétrica, eólica e hidrogênio verde.
“O Brasil pretende ser fonte de energia limpa para si próprio, porque é um país que pretende se neoindustrializar, mas também é um país que pretende exportar energia limpa para o mundo, na forma de energia limpa propriamente limpa, mas também na forma de exportação de produtos verdes”, disse ele.
O cientista político Giorgio Romano lembrou ao Brasil de Fato que o país tem um potencial energético muito diferente se comparado com outros do Brics.
“Faz sentido o Brasil estar à frente desta corrida para a adoção de energias limpas, por já usar mais que os outros”, diz ele. “Mas a China é quem tem a capacidade tecnologia para transformar esse potencial brasileiro em realidade”.
Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
Haddad falou no Fórum Empresarial da cúpula do Brics
O analista diz que embora a China seja, dentre os países do Brics, o que mais polui, é também “o que mais investe em novas fontes de energia renováveis”, sendo portanto, um aliado indispensável para a adequação do bloco às mudanças climáticas.
Na reunião desta terça, Haddad defendeu, ainda, a ampliação da atividade industrial para outras partes do mundo, levando desenvolvimento para essas regiões.
“Penso, sinceramente, que África e América do Sul podem ser plataformas para a diversificação das atividades industriais globais. O mundo vive um retrocesso do ponto de vista da globalização, mas isso pode significar um movimento de diversificação e pulverização das plantas industriais, oferecendo para os nossos povos salários e empregos mais dignos e qualificados, para que as oportunidades sejam distribuídas mais equanimemente pelo globo terrestre”, considerou.
Desconcentração da produção
Haddad defendeu a desconcentração da produção entre os Estados nacionais. “Até para a valorização das soberanias nacionais e da diversidade cultural, que é um valor intrínseco aos Brics, é importante que haja uma diversificação e pulverização das atividades industriais, pela segurança do planeta e pela melhoria das condições de sustentabilidade”, concluiu.
“Nós acreditamos que o Brics tem grande contribuição a dar. Brasil, África do Sul, Índia, China e Rússia podem, cada um a partir de sua perspectiva, oferecer ao mundo uma visão que seja coerente com seus propósitos e que não signifique nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes dos quais nós mesmos participamos”, avaliou.