O presidente iraniano Ebrahim Raisi, em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta quarta-feira (21/09) relembrou o assassinato de Qassim Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária do Irã, realizado pelo exército norte-americano em janeiro de 2020. De acordo com o líder, o país “vai buscar justiça nos tribunais”.
Durante sua fala, Raisi levantou uma foto do general morto e o classificou como “herói de luta contra o terrorismo”. O mandatário também recordou a confissão do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre a ordem de assassinato, exigindo que uma “justa investigação” sobre o caso seja realizada como um “serviço à humanidade”.
Segundo a agência de notícias Irna, Raisi criticou países que reivindicam “justiça dentro de si”, mas que na realidade, segundo ele, “no exterior treinam todos os tipos de terroristas para incomodar nações ou forçá-las a se renderem”. Para o líder iraniano, tais Estados devem se sentir “envergonhados diante da humanidade, liberdade e justiça”.
Raisi também afirmou que a nação iraniana “aprendeu a se manter de pé e não confiar nos outros” quando foi ocupada militarmente e levou golpes dos Estados Unidos em relação à sua indústria petrolífera. Assim como, criticou as sanções que o país sofre, mesmo após acordos aprovados pelo Conselho de Segurança da ONU.
Ainda segundo a agência, o presidente fez uma declaração comparando os conflitos na Europa com o processo histórico da Ásia central nas últimas décadas.
Reprodução
Segundo Raisi, enquanto seu país é responsável por 2% da atividade atômica mundial, é, no entanto, alvo de 35% das inspeções internacionais
“A natureza da invasão dos EUA na Ásia Ocidental e a expansão da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] para a Europa Oriental não são diferentes uma da outra, porque em ambos o destino dos países é definido pelos EUA, que perseguem seus interesses com os custos pagos por outros”, completou.
Armas nucleares
O presidente iraniano ainda insistiu que o Irã “não está procurando construir ou obter armas nucleares” e criticou as potências ocidentais por sua política de sanções anti-iranianas.
Segundo Raisi, enquanto seu país é responsável por 2% da atividade atômica mundial, é, no entanto, o alvo de 35% das inspeções internacionais. Da mesma forma, referindo-se às negociações para salvar o acordo nuclear de 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em 2018, o líder iraniano acusou Washington de “sabotagem”.
Além disso, considerou “essencial obter garantias de que desta vez o que foi acordado será cumprido”, referindo-se às negociações em curso há 17 meses com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, indiretamente, os Estados Unidos para restaurar o acordo nuclear.
Raisi ainda confirmou que sua presença na Assembleia é uma “oportunidade de expor visões e medidas da República Islâmica que passam despercebidas devido aos meios de comunicação controlados por potências do mundo” e que, assim, pretende elaborar uma política externa para o país, com base em “dignidade, sabedoria e conveniência”.
Apesar da afirmação, o presidente também disse que se reunirá com representantes de diversos países, mas não com norte-americanos.
(*) Com Telesur