A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um pedido que apela ao governo norte-americano uma investigação sobre o papel da Organização dos Estados Americano (OEA) durante o golpe de Estado na Bolívia que culminou na renúncia de Evo Morales, em 2019.
A investigação aprovada na última quarta-feira (28/07), e que agora será encaminhada ao Senado, foi solicitada pelas deputadas democratas Jan Schakowsky e Susan Wild. A medida pede que o Departamento de Estado norte-americano busque respostas da OEA sobre seu comportamento na Bolívia, para “garantir que ataques semelhantes contra a democracia não ocorram outra vez”.
O pedido prevê que seja analisado se as reclamações da entidade sobre irregularidades eleitorais contribuíram para o golpe contra o ex-presidente e o aumento das violações de direitos humanos. Assim como, pretende buscar respostas às perguntas sobre as declarações e ações da Missão de Observação Eleitoral (MOE) da OEA na Bolívia.
Ao jornal norte-americano The Nation, Schakowsky afirmou que, no dia seguinte às eleições de 2019, a OEA “ajudou a direcionar uma falsa narrativa de que o presidente em exercício, Evo Morales, e seu partido 'fraudaram' a eleição”.
De acordo com a parlamentar, esta narrativa contribuiu para a “polarização, um golpe militar e violenta repressão política na Bolívia, bem como a incerteza para o futuro da democracia”. “Essa investigação nos ajudaria a finalmente ver a responsabilidade e a transparência da OEA e garantir que ela cumpra sua missão de maneira independente e imparcial”, disse ao periódico.
ABI
Após ter vencido as eleições, Morales foi forçado a deixar seu cargo pela direção das Forças Armadas
Em novembro de 2019, após ter vencido as eleições, o presidente Evo Morales, do Movimento pelo Socialismo (MAS), foi forçado a deixar seu cargo pela direção das Forças Armadas, após pressões da organização e da cumplicidade da direita e de governos da região, como Brasil, Argentina, Chile e Peru.
A OEA, em dezembro de 2019, emitiu um relatório final sobre as eleições de 20 de outubro no qual denunciou táticas “deliberadas” e “maliciosas” para inclinar as eleições para Morales, mas duas publicações independentes rejeitaram as alegações e a análise estatística na qual o relatório foi baseado.
A solicitação para que o governo dos Estados Unidos faça uma investigação foi introduzida em lei pelas deputadas, que, desde o golpe na Bolívia, exigem respostas da OEA sobre o assunto.
Para Schakowsky e Wild, as declarações da organização “contribuíram para a derrubada do presidente democraticamente eleito e o surgimento de um regime não eleito, apoiado pelo Exército e responsável por violações massivas de direitos humanos”.
Um dos casos de violação ocorreu nas cidades de Sacaba e Senkata, no qual m total de 37 manifestantes foram mortos após uma repressão aos protestos contra o golpe por forças de segurança que haviam recebido garantias de imunidade da então autoproclamada presidente Jeanine Áñez.
(*) Com Telám.