O candidato da oposição à Presidência do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, está à frente na contagem dos votos nas eleições realizadas este domingo (24/03) no país africano, segundo a imprensa local. Depois de ser anunciado que a primeira contagem dos votos registrados mostrava a liderança do candidato da oposição com 56,13%, os senegaleses começaram a celebrar nas ruas a aparente vitória eleitoral de Faye.
Cerca de 7,3 milhões de eleitores se inscreveram para votar em mais de 16 mil centros de votação no país e no exterior, que fecharam às 18h no horário local. Faye, de 43 anos, é o “candidato à mudança de sistema” e ao “Pan-africanismo de esquerda”.
A eleição estava marcada para 25 de fevereiro, mas um adiamento de última hora desencadeou uma onda de violência que deixou quatro mortos. No fim, o pleito foi marcado para 24 de março. A campanha foi reduzida para duas semanas devido ao mês do Ramadã.
Os resultados oficiais ainda serão divulgados na semana seguinte pelo Conselho Constitucional do Senegal e ainda não há data definida para um possível segundo turno.
Crise política
Senegal está mergulhado numa crise política há semanas. Em 03 de fevereiro, o presidente Macky Sall suspendeu as eleições originalmente marcadas para 25 de fevereiro. O partido de Sall então impôs um projeto de lei na Assembleia Nacional que marcava uma nova eleição para 15 de dezembro, o que lhe teria permitido permanecer no poder muito depois do fim oficial do mandato. Sall e seus aliados temem que pudessem ir para a prisão sob a acusação de corrupção ou abusos dos direitos humanos. Para se protegerem, Sall e os seus seguidores mergulharam o seu país no desconhecido.
Ousmane Sonko, um dos candidatos na corrida presidencial e lidera um movimento de oposição que critica o atual presidente Macky Sall e o status quo que ele representa.
Sonko e o seu partido, os Patriotas Africanos do Senegal pelo Trabalho, Ética e Fraternidade (PASTEF), combinam políticas econômicas populistas, retórica anticolonial e ataques à elite política do Senegal. Os líderes do PASTEF exigiram a soberania monetária, a renegociação dos contratos extrativos com entidades estrangeiras e o fim da intervenção política francesa. Milhões de eleitores mais jovens, especialmente em áreas urbanas pobres como os subúrbios de Dacar, encontraram uma nova esperança nestas posições.
Manifestantes, ativistas e jornalistas em todo o Senegal condenaram imediatamente o adiamento das eleições como um “golpe constitucional”. Os confrontos entre manifestantes e a polícia explodiram em todo o país, causando pelo menos quatro mortes. Entretanto, os partidos da oposição e os grupos da sociedade civil exigiram a intervenção do Conselho Constitucional, o mais alto tribunal do país e interveio. Graças a esses movimentos, a eleição aconteceu neste domingo (24/03).