O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, denunciou nesta segunda-feira (09/03) uma ação coordenada entre os Estados Unidos, Brasil e Colômbia como parte de uma estratégia para endurecer o bloqueio e aumentar as sanções econômicas contra o país latino-americano.
As declarações do chanceler, que foram dadas em conferência realizada na Chancelaria venezuelana, em Caracas, com a presença de diversas representações diplomáticas no país, vêm após os presidentes do Brasil e da Colômbia terem visitado os EUA nos últimos dias e se reunido com Donald Trump, onde discutiram a questão venezuelana e reafirmaram seu apoio ao deputado de direita autoproclamado presidente Juan Guaidó.
Segundo Arreaza, Washington, em parceira com os governos brasileiro e colombiano, planeja “sufocar” o governo da Venezuela por meio de novas medidas de recrudescimento do já existente bloqueio.
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O chanceler disse ter informações de um plano para a execução de um bloqueio marítimo contra o país latino-americano, que estaria sendo “elaborado pelo Departamento de Defesa” dos EUA.
“Em sua visita a Trump, o senhor Duque pediu que fossem aplicadas sanções mais dura contra o povo venezuelano. Um bloqueio naval é um ato de guerra”, disse o chanceler.
Arreaza ainda citou o TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Mútua), invocado por Guaidó na OEA em setembro de 2019, e disse que o governo Trump quer utilizar o tratado para justificar uma agressão militar contra a Venezuela.
O chanceler também mencionou o encontro que Jair Bolsonaro teve com o almirante do Comando Militar do Sul, Craig Faller, neste domingo (08/03) nos EUA, no qual assinaram um acordo para, segundo o mandatário brasileiro, “facilitar a cooperação militar entre os países”.
Arreaza garantiu que “enquanto eles violam o direito internacional, nós invocamos a Carta da Nações Unidas, nós iremos ao Conselho de Segurança e contaremos em detalhes o que estão preparando pelas costas da ONU”.
“Saberemos responder e daremos mil combates até garantirmos a vitória. Por isso, vamos à ONU para que a comunidade internacional possa neutralizar esses ataques contra o povo da Venezuela”, disse o chanceler.
Cancillería Venezuela
Chanceler disse que Washington prepara um bloqueio marítimo, assim como aumento de sanções e ativação do TIAR
Exercícios militares
O chanceler venezuelano ainda destacou a decisão tomada pelo presidente Nicolás Maduro de realizar a segunda fase dos exercícios militares “Escudo Bolivariano 2020”, inciados nesta segunda-feira.
Até o dia 10 de março, as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) estarão mobilizadas em todo o território nacional para “seguir garantindo a paz e nossa plena soberania sobre todo o país”, segundo o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino Lopez.
Na última sexta-feira (06/03), Maduro acusou o governo dos Estados Unidos de “empurrar o Brasil para um conflito armado com a Venezuela”.
Arreaza disse que “espera que não seja necessário que a Venezuela tenha que chegar a um ataque militar e, por isso, foram convocados os representantes de diferentes corpos diplomáticos no país, para que transmitam a suas chancelarias os ataques que se preparam contra a Venezuela”.
Protestos
Durante sua fala, o ministro das Relações Exteriores venezuelano ainda mencionou os protestos marcados para esta terça-feira (10/03) pela oposição. Segundo o chanceler, por trás dessa convocatória, se está planejando criar um “cenário de conflito”.
A marcha foi convocada pelo deputado Juan Guaidó em frente ao Palácio Federal Legislativo.
Movimentos sociais, sindicatos, milícias e partidos da base de apoio do governo Maduro também sairão às ruas nesta terça para rechaçar as ameaças feitas pelos EUA nos últimos dias e respaldar as decisões do Executivo frente às tensões diplomáticas.
CNE e eleições
O chanceler venezuelano ainda condenou o incêndio no escritório do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em Fila de Mariches, no estado de Miranda neste domingo, quando foram destruídos mais de 49 mil máquinas de votação e 580 computadores.
Arreaza disse que foram suspeitos foram capturados nesta segunda portando 650 quilos de explosivos de origem colombiana, semelhantes aos utilizados para atar o escritório do CNE.
“Não importa o que façam, haverá eleições parlamentares este ano e esperamos que todas as forças opositoras participem”, disse.