O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, comemorou nesta sexta-feira (06/03) o acordo de cessar-fogo entre a Rússia e Turquia no noroeste da Síria como uma “demonstração de boa vontade”. A trégua negociada entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, entrou em vigor nesta sexta-feira e visa acabar com semanas de confrontos na região de Idlib e evitar o risco de aumento da tensão entre russos e turcos.
“Fico feliz com o cessar-fogo. É uma boa notícia. Ao menos é uma demonstração de boa vontade, veremos como funciona”, disse Borrell antes de uma reunião de chanceleres europeus em Zagreb. O cessar-fogo é uma “condição prévia para levar mais ajuda humanitária à população de Idlib”, afirmou Borrell, ao apontar que UE deve concentrar seus esforços no lado humanitário”.
A calma é “relativa” no local, segundo a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). Poucos minutos antes do prazo acordado, os bombardeios ainda eram ouvidos na região e dois soldados turcos foram mortos pelas forças sírias, de acordo com o Ministério da Defesa turco.
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, “espera que este acordo leve a uma cessação imediata e duradoura das hostilidades e que garantam a proteção dos civis no noroeste da Síria, que já sofreram enormes sofrimentos.” Depois de mais de seis horas de negociações no Kremlin, sede da presidência russa, Erdogan anunciou o cessar-fogo, ao lado de Putin, esperando que fosse duradouro.
Os dois países realizarão patrulhas conjuntas na rodovia M4, um centro estratégico que atravessa a região síria de Idlib. A Rússia e a Turquia planejaram um “corredor de segurança” de seis quilômetros em cada lado da rodovia (12 km), e os parâmetros dessa área serão definidos pelos dois países nos próximos sete dias, conforme o texto.
Wikicommons
Escalada dos combates em Idlib causou tensões diplomáticas entre a Rússia e a Turquia
Catástrofe humanitária
O acordo deve encerrar semanas de intensos combates contra Idlib, a última fortaleza rebelde e jihadista no noroeste da Síria, onde a Turquia age contra as forças do regime de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia. Os combates causaram uma catástrofe humanitária, com quase um milhão de pessoas que fugiram em direção à fronteira com a Turquia e dezenas de soldados turcos mortos.
“Nosso objetivo é impedir que a crise humanitária se agrave”, disse Erdogan, embora tenha alertado que seu país “se reserve o direito de responder com todo o seu poder e em qualquer lugar a qualquer ataque do regime sírio”. Putin, por outro lado, disse esperar que este texto sirva como “uma base sólida para acabar com os combates na região” e “o sofrimento da população”.
Tensões Turquia-Rússia
“Nem sempre concordamos com nossos parceiros turcos. Mas a cada momento crítico, graças a reuniões bilaterais, encontramos uma base comum”, afirmou o presidente russo. A escalada dos combates em Idlib causou tensões diplomáticas entre a Rússia, aliada do regime sírio e a Turquia, que apoia os rebeldes, elevando o risco de confronto direto entre os dois países que se tornaram os principais atores internacionais no conflito sírio.
Na quinta-feira passada, pelo menos 15 civis, entre eles um menor, morreram durante os bombardeis aéreos russos em Idlib, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).A Turquia, que já abriga 3,6 milhões de sírios em seu território, exigiu na quarta-feira apoio europeu a “soluções políticas e humanitárias turcas na Síria”, essenciais, segundo Ancara, para estabelecer uma trégua e resolver a crise migratória.