O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, disse que os EUA fomentaram agitação antes dos protestos na ilha, que ocorreram neste fim de semana, com estratégia midiática disfarçada de campanha de mídia social pedindo ajuda humanitária.
“Ontem (11/07) em Cuba não houve levante social, ontem em Cuba houve desordem, distúrbios causados por uma operação comunicacional que foi preparada há algum tempo e sobre a qual milhões foram dedicados”, declarou Rodríguez.
O ministro também declarou que se o governo Biden quer ajudar Havana, deve levantar as sanções impostas pelos EUA, e que por conta das sanções, Washington “não tem direito de se pronunciar sobre as manifestações no país”. Cuba está sob bloqueio econômico dos Estados Unidos desde 1962.
O governo norte-americano negou envolvimento nos protestos e respondeu afirmando que as manifestações “são espontâneas e estimuladas pela dura realidade cubana”, e não promovidos por outro país, segundo a secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.
“Tudo indica que os protestos de ontem (11/07) são expressões espontâneas de pessoas que se cansaram da má gestão econômica e da repressão do governo cubano, e são protestos inspirados na dura realidade do cotidiano da população”, afirmou Psaki.
Presidencia Cuba/Twitter
Presidente cubano esteve neste domingo (11/07) para falar com a população
Nesta segunda-feira (12/07), o presidente Joe Biden emitiu um comunicado para expressar solidariedade ao “povo cubano e seu clamor por liberdade”, e a Casa Branca advertiu as autoridades para não usarem a força contra os manifestantes.
Milhares de cubanos saíram às ruas no domingo para protestar contra a falta de alimentos e remédios enquanto o país passa por uma grave crise econômica agravada pela pandemia de COVID-19 e pelas sanções dos Estados Unidos.
Os manifestantes reclamaram da falta de liberdade e da piora da situação econômica. Muitos gritaram por “liberdade” e conclamaram o presidente Miguel Díaz-Canel a renunciar.
A União Europeia (UE), através do chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, disse nesta segunda-feira (12/07) que os cubanos têm o direito de protestar e pediu ao governo cubano que ouvisse suas queixas sobre a covid-19 e a escassez de medicamentos e alimentos.
“É um protesto para mostrar o descontentamento em uma escala que não víamos desde 1994. […] Quero expressar o direito do povo cubano de expressar suas opiniões de maneira pacífica e quero pedir ao governo que ouça esses protestos de descontentamento”, disse Borrell em uma entrevista coletiva após uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE.