“Se esta não é a cidade, onde está a cidade, a cidade está nas ruas, forjando a unidade”, cantaram os participantes de uma marcha realizada nesta quinta-feira (28/07) no Panamá.
Indígenas, camponeses, professores e estudantes marcharam por 10 horas até a sede da Presidência, em São Felipe, na Cidade do Panamá, para exigir o cumprimento dos acordos alcançados na mesa única de diálogo que se realiza em Penonomé, província de Coclé.
O ato ocorreu a partir das 6h30 (8h30, em Brasília), saindo de uma ponte sobre o rio Pacora, que tem sido palco de protestos nas últimas semanas.
Ao chegarem em São Felipe, os manifestantes entregaram uma carta ao vice-ministro da Presidência, Carlos Garcia, em apoio às reivindicações das organizações Aliança Povo Unido pela Vida e Aliança Nacional pelos Direitos do Povo Organizado. Além disso, o documento pede que as negociações entre governo e representantes na mesa de diálogo sejam agilizadas.
A mesa única de diálogo, que nasceu como resposta do governo à onda de protestos sociais que tomaram conta do país durante o mês de julho, completa uma semana de estar em sessão com atores de organizações sociais e representantes do Executivo.
Ainda nesta quarta-feira, o vice-presidente do Panamá, José Gabriel Carrizo, afirmou a disposição do governo em buscar soluções para as demandas sociais e econômicas por meio do diálogo, durante coletiva de imprensa.
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Indígenas, camponeses, professores e estudantes realizaram ato para exigir cumprimento dos acordos alcançados com o governo
“Estamos em um sistema democrático e é claro que ajustes precisam ser feitos, e o presidente (Laurentino) Cortizo está ciente de que essas ações levam tempo. No entanto, nosso objetivo como governo é dar uma resposta concreta à população”, disse Carrizo.
Também considerou que a Mesa Única de Diálogo para o Panamá deveria ser mais inclusiva para ditar medidas de acordo com a realidade social imediata, especialmente dos grupos vulneráveis.
Primeiros acordos
Os representantes do movimento popular e do governo do Panamá estabeleceram no último domingo (24/07) os primeiros acordos na mesa única de diálogo após os protestos que começaram em 6 de julho.
As partes concordaram em reduzir o custo da cesta básica em 30% por meio da aplicação de tetos de preços, subsídios ao consumo da produção nacional, bem como a redução de tarifas de acordo com os níveis de comercialização.
Nesse sentido, o líder da Aliança Povo Unido pela Vida, Saúl Méndez, afirmou que o processo tem sido muito complexo, levando em conta a diversidade de organizações reunidas em uma única mesa. Ao mesmo tempo, Méndez destacou que “nesses seis aspectos conseguimos que o governo reduzisse e congelasse os preços de mais de 70 itens”, ressaltando que não há consenso em três pontos.
Os preços máximos serão registrados em decreto executivo prorrogável após seis meses, enquanto o governo assumirá a diferença das mercadorias das micro, pequenas e médias empresas.