Os clínicos gerais franceses continuam em greve pela segunda semana consecutiva, a partir desta segunda-feira (02/1). A paralisação, organizada pelo coletivo “Médecins pour demain” (Médicos pelo amanhã), deve continuar pelo menos até dia 8 de janeiro. Os médicos iniciaram o movimento, que foi criticado pelo governo francês, pouco antes do Natal.
Em um comunicado publicado em seu site, os grevistas lamentam a paralisação. “Infelizmente o governo não nos deu atenção após a primeira semana de greve”, diz o texto.
A paralisação envolve médicos que atendem em consultórios particulares e não aqueles que trabalham nos hospitais. Apesar de liberais, os clínicos gerais grevistas têm os preços de suas consultas tabeladas pelo governo em € 25, o equivalente a R$ 142. Eles pedem que o valor seja € 50, ou seja, o dobro do atual.
Momento “inadequado”
O ministro da Saúde francês, François Braun, disse em 28 de dezembro que o momento escolhido pelo movimento, em pleno período de festas de fim de ano, era “inadequado”. A França enfrenta uma tripla epidemia de gripe, bronquiolite e Covid-19 e as comemorações favorecem as contaminações.
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Paralisação envolve médicos que atendem em consultórios particulares e não aqueles que trabalham nos hospitais
Associações de médicos plantonistas também criticaram a escolha da data pelos médicos liberais. A greve aumentou a pressão nos hospitais.
Em Paris, atualmente, os prontos-socorros garantem o atendimento de entre 1.200 a 1.500 pessoas por dia, ou seja “30% a mais que ano passado”, afirma Urfan Ashraf, vice-presidente do SOS Médecins Grand Paris, serviço de atendimento médico a domicílio da capital. Na semana passada, um pico de 1.630 pacientes atendidos foi alcançado, um número nunca visto em 10 anos.
Manifestações
O coletivo anunciou que fará uma manifestação em Paris, no início da tarde de quinta-feira (5). O objetivo do aumento do preço das consultas é criar um “choque de atratividade”. A medicina liberal sofre com a falta de profissionais por ser considerada pouco atraente para os jovens.
“Médecins pour demain”, é um coletivo “apolítico sem vínculo sindical” que se originou em um grupo Facebook e conta com 16.000 médicos, 60% deles se declara grevista. O grupo nasceu em setembro e reúne principalmente médicos jovens, em início de carreira. “Eles já estão com grandes dificuldades, falam em burnout ou em mudar de profissão”, diz a porta-voz do coletivo, Noelle Cariclet, médica psiquiatra em Seine-et-Marne, no subúrbio de Paris.