Demais presidentes latinos progressistas, além de Lula, discursaram durante a 78ª Assembleia nas Nações Unidas nesta terça-feira (19/09), em Nova Iorque, nos Estados Unidos, como Gustavo Petro (Colômbia), Miguel Díaz-Canel (Cuba), e Luis Arce (Bolívia).
Veja como foram as falas:
Petro: paz e reforma no sistema financeiro global
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs “acabar com a guerra para termos tempo de nos salvar”, em especial sobre a situação na Ucrânia e Palestina.
“Proponho que as Nações Unidas patrocinem duas conferências de paz o mais rapidamente possível: uma sobre a Ucrânia e outra sobre a Palestina, não porque não haja outras guerras no mundo, como no meu país, mas porque ensinariam a fazer a paz em todas as regiões do planeta”, complementou o mandatário.
? #EnDirecto | Intervención del Presidente de la República Gustavo Petro Urrego en la 78 Asamblea General de las Naciones Unidas.#ColombiaEnLaONU???? https://t.co/3Vvv7kwhDt
— Presidencia Colombia ?? (@infopresidencia) September 19, 2023
Na análise do presidente, a geração atual vive tentando superar os “escuros e poderosos esgotos da ganância, o furacão do capital que só olha para o lucro e que engoliu o planeta e a própria base da existência”. Segundo ele, a injustiça é o que “condena toda a humanidade à guerra”.
Petro também propôs durante o seu discurso a reforma do sistema financeiro internacional, a fim de reduzir a dívida pública internacional.
O líder colombiano apontou que os fundos públicos estão enfraquecidos pelas dívidas externas, o que também aflige o combate à crise climática e ambiental, que depende do financiamento desses fundos.
Díaz-Canel: colonialismo moderno e fim do bloqueio contra Cuba
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, em nome do grupo G77 e da China, exigiu uma transformação profunda da atual arquitetura financeira internacional e o fim das medidas coercivas unilaterais, durante o seu discurso na ONU.
O líder classificou a arquitetura financeira internacional como injusta “porque foi concebida para lucrar com as reservas do Sul, perpetuar um sistema de dominação que aumenta o subdesenvolvimento e reproduzir um modelo de colonialismo moderno”.
O presidente exigiu ainda a recapitalização dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento e uma revisão no papel das agências de crédito.
“Enquanto os países mais ricos não cumprem o seu compromisso de atribuir pelo menos 0,7% do seu Produto Interno Bruto à Ajuda Oficial ao Desenvolvimento, as nações do Sul têm de gastar até 14% do seu rendimento para pagar os juros associados à dívida externa” notou.
Dentro de suas sugestões de reforma, propôs incluir cláusulas para proporcionar alívio e reestruturação para países que sejam afetados por catástrofes naturais, por exemplo.
Twitter/Presidencia Colombia
Demais presidentes latinos progressistas, além de Lula, discursaram durante a 78ª Assembleia nas Nações Unidas nesta terça-feira (19/09),
Nesta linha, denunciou que embora Cuba não seja o primeiro Estado soberano que sofre com medidas coercivas unilaterais pelo governo dos Estados Unidos, é o país que sofre com tais medidas há mais tempo, desde 1962.
El presidente de Cuba ?? @DiazCanelB denunció la persistencia del bloqueo de EEUU, que limita el desarrollo y el bienestar del pueblo cubano.#MejorSinBloqueo #DíazCanelEnONU pic.twitter.com/bclfLdzODR
— Cancillería de Cuba (@CubaMINREX) September 19, 2023
Da mesma forma, rejeitou os bloqueios impostos a demais países, como Zimbabué, Síria, Irã e Coreia do norte, além de reiterar sua solidariedade com a causa do povo palestiniano.
Presidente da Bolívia: uma nova ordem mundial está sendo construída
Luis Arce também discursou nesta terça-feira, afirmando que está a ser construída uma nova ordem mundial na qual a ONU tem um papel fundamental. Para ele, há “desafios pendentes” que seguem na atualidade, mas vez um apelo:
“Devemos pôr fim, de uma vez por todas, à corrida armamentista e priorizar o diálogo sincero e a diplomacia do povo”, disse Arce, ao mesmo tempo que destacou que “é urgente que as nossas nações se unam num esforço coletivo, com vozes diversas”, disse.
78ª Assembleia da ONU
O discurso do presidente Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, ganhou proporções históricas ao abordar praticamente todos os principais desafios da humanidade na atualidade e por imprimir uma visão do Sul Global diante desses temas.
Este foi o seu retorno ao Parlamento mundial após 14 anos. Em suas primeiras palavras, Lula recordou não aquele último discurso, e sim o primeiro. “Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez, e disse, naquele 23 de setembro de 2003, ‘que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência’. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade”.
Em outro momento importante de sua fala, aproveitou para reivindicar a liberdade do ativista e jornalista australiano Julian Assange. “É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista como Julian Assange não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima”.
Além disso, rechaçou as sanções econômicas e o embargo contra Cuba: “o Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo. Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria”.
A questão cubana foi uma deixa para entrar em um problema mais profundo, através do qual Lula reivindicou a criação do Estado Palestino e de uma reforma do sistema da ONU.
Veja o discurso de Lula durante 78ª Assembleia da ONU na íntegra:
(*) Com TeleSUR.