O Ministério Público da Colômbia confirmou nesta quarta-feira (06/11) a morte de oito menores de idade durante um bombardeio das Forças Armadas realizado no dia 29 de agosto no departamento de Caquetá que visava atacar um grupo de guerrilheiros dissidentes do agora partido político FARC. Na ocasião, o governo do presidente Iván Duque garantiu que a operação havia sido “impecável” e que nove membros do grupo armado haviam sido mortos.
“Até agora foram identificados 15 corpos – oito menores de idade e sete adultos – e mais dois continuam sem identificação”, disse o MP em comunicado.
A informação havia sido divulgada ainda nesta terça-feira (05/11) pelo senador Roy Barreras, do Partido da Unidade Nacional, durante uma audiência no Senado colombiano que busca aprovar uma moção de censura para afastar o ministro da Defesa, Guillermo Botero.
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“Você se escondeu da Colômbia naquele dia em que bombardeou crianças e sete crianças morreram. Você não disse à Colômbia que havia bombardeado crianças nessa operação”, disse Barreras.
Botero respondeu dizendo que a operação foi legal e “realizada com todo o rigor do Direito Internacional Humanitário e com o apoio do Ministério Público, que conhecia a operação desde o início”.
#ATENCIÓN Comunicado de la #Fiscalía General de la Nación. pic.twitter.com/ctJgwwmJ60
— Fiscalía Colombia (@FiscaliaCol) November 6, 2019
Ejército de Colombia
‘Operação foi meticulosa, impecável e com todo o rigor’, disse Iván Duque à época do ataque
À época da operação, Botero havia dito que o ataque ocorrera com êxito e que nove dissidentes armados, incluindo Gildardo Cucho, um dos líderes do grupo, haviam sido mortos. Entretanto, em nenhum momento o ministro mencionou a morte de menores de idade durante o ataque.
Por sua vez, o presidente colombiano Iván Duque classificara o bombardeio do Exército como “impecável”. “Autorizei adiantar uma operação ofensiva contra essa quadrilha de delinquentes narcoterroristas que são dissidentes do que se conhecia como as Farc […]. A operação foi meticulosa, impecável e com todo o rigor”, disse o presidente à época.
O bombardeio ocorreu na zona rural de San Vicente del Caguán, no departamento de Caquetá, em um acampamento que, segundo o governo, era liderado pelo guerrilheiro assassinado Gilardo Cucho.
O ataque foi realizado um dia depois de um grupo de dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) ter anunciado o retorno à luta armada em resposta ao que chamam de “traição do Estado colombiano aos Acordos de Paz”, que foram assinados em Havana em 2016.