O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu à Suíça, um de seus principais doadores, para ajudá-lo a superar suas dificuldades financeiras que recentemente o levaram a anunciar grandes demissões.
Como outras organizações, o CICV alega que está sendo afetado pelo aumento dos custos ligados à inflação e pela queda na generosidade dos doadores, principalmente por causa dos enormes fundos destinados pelos aliados de Kiev para ajudar a Ucrânia a repelir a Rússia.
Diante das dificuldades financeiras do comitê, seus órgãos diretivos aprovaram em 30 de março um plano abrangente de redução de custos de 430 milhões de francos suíços (quase R$ 2,5 bilhões) para o período de 2023 e até o início de 2024, elevando o orçamento geral da organização para 2,4 bilhões de francos suíços.
Com isso, cerca de 1,8 mil funcionários – de um total de 20 mil – perderão seus empregos nos próximos meses, número que não leva em conta aqueles que provavelmente serão afetados pela redução do número de missões e pela suspensão do recrutamento de algumas funções.
Das 350 instalações que a organização tem ao redor do mundo, 26 serão fechadas e outras terão seus recursos consideravelmente reduzidos.
Suíça, Estados Unidos e Alemanha
“O Departamento Federal de Relações Exteriores (DFRE) e o Departamento Federal de Finanças (DFF) estão conduzindo discussões com o CICV para examinar os desafios atuais e futuros relacionados à situação financeira do comitê”, informou o porta-voz do DFRE Andreas Heller.
Comitê internacional da Cruz Vermelha
Das 350 instalações que a organização tem ao redor do mundo, 26 serão fechadas e outras terão seus recursos reduzidos
“O empréstimo sem juros” de 200 milhões de francos suíços que a Suíça concedeu em 2020 à Cruz Vermelha para ajudá-la a mitigar os efeitos da pandemia de Covid-19 no mundo “será incluído nestas reflexões”, adicionou. O porta-voz confirmou informações reveladas no domingo (04/06) pela revista SonntagsZeitung.
“Mesmo com um orçamento revisado de 2,4 bilhões de francos suíços, ainda precisamos de um apoio financeiro significativo este ano”, declarou uma porta-voz do comitê, Fatima Sator, também no domingo.
A Suíça, cuja contribuição ao CICV totalizou 166 milhões de francos no ano passado, é o terceiro maior contribuinte da organização, atrás dos Estados Unidos e da Alemanha.
Recorde histórico
Mas o orçamento operacional do comitê, que é financiado por contribuições voluntárias, aumenta a cada ano. Seu pedido inicial de fundos para 2023, no valor de 2,8 bilhões de francos, atingiu um recorde histórico.
Diante dessas pressões orçamentárias, vozes estão sendo levantadas dentro da Cruz Vermelha para reduzir as atividades de assistência humanitária e se concentrar em missões básicas, como proteger vítimas de conflito, visitar prisioneiros e localizar desaparecidos.