A Comissão de Queixas Eleitorais do Afeganistão, organismo encarregado de investigar as denúncias de irregularidades nas últimas eleições, ordenou hoje (19) a anulação dos votos de centenas de seções eleitorais do país e a recontagem das cédulas emitidas em quase 3.500 delas, de
um total de 26 mil.
O órgão ordenou a invalidação das cédulas de 210 centros nos quais assegurou ter encontrado “provas claras e convincentes de fraude”, além da invalidação de votos de quase todos os 646 colégios que a comissão eleitoral afegã tinha deixado “em quarentena” por suspeita de fraude, e que não tinham sido considerados no anúncio dos resultados provisórios.
Observadores internacionais defenderam a necessidade de realizar um segundo turno, já que o presidente Hamid Karzai foi reeleito com 54,6% dos votos, ao vencer Abdullah Abdullah (27,8%).
A Democracy International, organização norte-americana de observadores eleitorais, estima que as invalidações devem “reduzir o percentual do presidente Hamid Karzai para 48,29% dos votos”, segundo a AFP. Um diplomata ocidental também afirmou a esta agência que as conclusões deixam Hamid Karzai com 48%.
A comissão, composta por especialistas afegãos e da ONU (Organização das Nações Unidas), determinou que nenhum resultado definitivo poderá ser divulgado até que as novas instruções sejam adotadas.
Um porta-voz do governo de Karzai afirmou que não se pode tirar nenhuma conclusão, já que o conteúdo é “muito técnico”. A Comissão Eleitoral do Afeganistão deve anunciar novos resultados oficiais nos próximos dias.
Histórico
Os resultados provisórios, anunciados no dia 16 de setembro, deram vitória a Karzai, o que tornava desnecessário um segundo turno contra Abdullah – primeiro a denunciar a existência de fraude e a acusar a comissão eleitoral de parcialidade a favor de Karzai.
No dia 8 de setembro, a comissão de queixas ordenou uma nova apuração nos colégios eleitorais suspeitos, número que posteriormente precisou em 3.498. Já a missão de observadores da União Europeia calculou no dia 16 de setembro que havia 1,5 milhão de votos “suspeitos”, dos quais 1,1 milhão eram para Karzai e 300 mil para Abdullah – ou seja, cerca de 25% do total. Apesar disso, os resultados foram divulgados.
Karzai defendeu o tempo todo o trabalho da comissão eleitoral e disse que a fraude foi “limitada”, e não “generalizada”, como denunciou o chefe da missão da ONU no país, Kai Eide, no último dia 11.
Nos últimos dias, aumentou a pressão diplomática internacional por uma saída que torne o processo eleitoral crível, e a imprensa afegã informou sobre negociações com os dois candidatos para que formem um governo de coalizão.
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