A comissão bicameral do parlamento argentino criada para analisar a
demissão do economista Martín Redrado da presidência do Banco Central encaminhou à
presidente Cristina Kirchner uma recomendação secreta, após uma
semana de reuniões. O conteúdo do documento ainda não foi tornado público pela Casa Rosada, mas foi revelado pelo jornal
argentino Pagina 12 na edição de hoje (3): dois dos três deputados da comissão decidiram pelo afastamento de Redrado.
No sábado (30), o economista renunciou à presidência do Banco Central, quase um
mês após ter sido demitido por Cristina. Ele é contra o pagamento de dívidas do
governo com credores privados estrangeiros usando reservas do BC. O governo não
aceitou a renúncia e disse que aguardaria o veredicto da comissão.
De acordo com a reportagem, o deputado Alfonso Prat Gay, da opositora Coalizão
Cívica, votou contra a demissão de Redrado, e o deputado
governista Gustavo Marconato, a favor. O voto de minerva ficou nas mãos
do vice-presidente Julio Cobos, que hoje está na oposição, após romper com
Cristina em 2008.
“O voto de Julio Cobos inclinou a balança a favor da remoção do ex-presidente
do Banco Central. Dessa vez, o vice-presidente coincidiu com a decisão da Casa
Rosada”, afirma o jornal. “Votem vocês dois primeiro e se não há acordo, eu
desempato”, teria dito Cobos.
O jornal revela que o político sofreu pressões de último momento de seus aliados da
União Cívica Radical, partido de oposição. Cobos teria justificado o voto dizendo estar seguindo passos
institucionais, pois a decisão final era de Cristina.
Independentemente do posicionamento da comissão bicameral, o Congresso deverá debater a partir de março, após o recesso de
verão, sobre a validade do decreto de criação do fundo para pagamento da dívida externa e sobre a destituição de
Redrado.
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