Somente a União Africana e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) condenaram a tomada do poder em Madagascar pelo líder da oposição, Andry Rajoelina. O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban-Ki-Moon, pediu calma e uma transição “suave”. Individualmente, nenhum país se manifestou até o momento. Nem os Estados Unidos, que apoiam o presidente deposto, Marc Ravalomanana.
A pouca importância de Madagascar no cenário político e econômico mundial explica as discretas manifestações da comunidade internacional, segundo Stephen Ellis, especialista em história e política de Madagascar do Centro de Estudos Africanos em Leiden, Holanda.
“Os africanos estão, na verdade, envergonhados, pois um novo golpe no continente pode significar uma volta da ‘era dos golpes’. É ruim para a imagem da África”, informou segundo a BBC.
Para o especialista, a maioria dos países do Ocidente não apoia mudanças políticas sem base democrática, mas dificilmente haverá interferência no destino de Madagascar. “O país não é relevante. É um dos mais pobres do mundo”.
Baunilha
Segundo dados do Banco Mundial, 70% da população vive com menos de 1 dólar por dia; o PIB (Produto Interno Bruto) per capita é de mil dólares (210º no ranking mundial – o Brasil é o 96º, com 9,7 mil); a inflação é de 9,5% ao ano; a taxa de mortalidade infantil é de 55 óbitos para cada mil nascimentos e a expectativa de vida não passa dos 62 anos.
A economia é baseada no turismo, que movimenta 390 milhões de dólares por ano, e na exportação da baunilha – o país é o maior exportador mundial, com 2 mil toneladas/ano, enquanto a demanda internacional é de 3 mil, conforme dados do governo.
“Será interessante ver se a França, uma nação que sempre delegou a favor da liberdade e da preservação das instituições políticas, e que ocupou o país por mais de 70 anos, se manifestará quanto à situação em Madagascar”, afirmou Stephen Ellis.
EUA
Os Estados Unidos ameaçaram cortar a ajuda dada a Madagascar se forem tomadas medidas anticonstitucionais na resolução da crise que afeta o país.
“Quero deixar claro que se for usada qualquer solução fora do que é estabelecido pela Constituição, a ajuda americana a Madagascar será suspensa”, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Robert Wood, em coletiva de imprensa.
Madagascar é bastante alinhado aos Estados Unidos e tinha relações estreitas com a administração Bush. O país norte-americano não cobra impostos dos produtos de Madagascar, segundo o site da CIA (Inteligência norte-americana).
O porta-voz disse que Madagascar está “em transformação” e garantiu que o presidente americano Barack Obama está “acompanhando os eventos de perto”.
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Reportagem atualizada às 19h04
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