Ao final da Conferência Internacional sobre o Processo Político na Venezuela, ocorrida em Bogotá nesta terça-feira (25/04), os moderadores participantes emitiram um comunicado conjunto detalhando suas recomendações para que sejam retomadas as conversações entre o governo da Venezuela e os setores da oposição reunidos na aliança conhecida como Plataforma Unitária.
A leitura do documento, ao final da cerimônia, foi realizada pelo chanceler colombiano, Álvaro Leyva. Segundo o texto, os moderadores dos 20 países participantes [incluindo o Brasil, que foi representado pelo diplomata Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para temas internacionais], “encontraram posições em comum a respeito de vários temas fundamentais, a partir dos quais se pode destravar o conflito político”.
O primeiro ponto, segundo o comunicado, seria “estabelecer um calendário eleitoral que permita a realização de eleições livres, transparentes e com plenas garantias para todos os atores venezuelanos”. Nesse sentido, o texto acrescenta que a União Europeia faz questão de que, nessas eleições, sejam observadas as recomendações feitas pela Missão de Observação Eleitoral que o bloco enviou para acompanhar as eleições regionais de 2021.
O segundo ponto em comum apontado pela declaração enfatiza “os passos acordados entre as partes em reuniões passadas, incluindo o levantamento das diversas sanções impostas contra o governo venezuelano”.
Neste caso, o documento se refere às centenas de sanções econômicas impostas pelo governo dos Estados Unidos à Venezuela desde o ano de 2015 [o que inclui medidas tomadas por três mandatários norte-americanos: Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden].
A Venezuela exige o levantamento dessas sanções para retomar o diálogo com o setor da oposição reunido na Plataforma Unitária.
Presidência da Colômbia
Entre os convidados do evento em Bogotá estava o diplomata brasileiro Celso Amorim [no centro da fila mais acima], assessor especial de Lula
Outra exigência venezuelana, que foi enfatizada em mensagem publicada pelo presidente Nicolás Maduro nesta mesma terça-feira é a devolução por parte do governo dos Estados Unidos dos US$ 3,2 bilhões pertencentes aos fundos soberanos do país soberano que estavam depositados em contas bancárias no exterior e que foram confiscados em agosto de 2019.
“Ratifico à Plataforma Unitária de Oposição que a única via para a reativação do diálogo é que o governo dos Estados Unidos devolva os US$ 3,2 bilhões da Venezuela, sequestrados no exterior. O Acordo do México deve ser cumprido!”, afirmou Maduro.
O chanceler colombiano explicou que representantes alguns dos moderadores que participaram da Conferência se comprometeram em enviar ao presidente Maduro e aos partidos da oposição os resultados do evento “para que nos entreguem a sua avaliação e seus respectivos comentários”.
“As mesmas delegações que atenderam ao convite do presidente Gustavo Petro serão prontamente convocadas, em segunda oportunidade, a fim de acompanhar os desdobramentos do que hoje foi alcançado”, acrescentou Leyva.
No início da cúpula, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, destacou a necessidade de se construir na América Latina “livre de sanções”.
“A América não pode ser um espaço de sanções. A América tem que ser um espaço de liberdades. A América tem que ser um espaço de democracia”, enfatizou o mandatário colombiano, na abertura do evento.
(*) Com informações de RT