A maioria do Congresso da Espanha rejeitou novamente, nesta sexta-feira (29/09), a investida do líder do Partido Popular (PP), de direita, Alberto Núñez Feijóo, para tentar se tornar primeiro-ministro. Numa repetição do resultado da primeira tentativa, dois dias atrás, ele conseguiu reunir 172 dos 176 votos necessários para a maioria absoluta.
Feijóo teve apoio dos 137 deputados da sua bancada
Dos 177 deputados que votaram contra, todos representam setores de esquerda ou partidos regionalistas, os quais se dividem entre os que defendem ideologias de esquerda e de direita. O que os une é a ojeriza ao Vox, que professa um discurso violento contra todas as legendas que defendem a independência de suas regiões.
A sessão terminou com um voto considerado nulo após o deputado da Junts (bancada regionalista catalã de direita), Eduardo Pujol, ter inicialmente votado “sim” para Feijóo e, em seguida, ter retificado seu voto.
Confirmada a rejeição, cabe ao rei Felipe VI encontrar uma solução para que o novo governo seja formado. Ele realiza uma rodada de consultas com os partidos ao longo da próxima semana e escolhe um novo candidato para ser investido, provavelmente o atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, em 17 ou 24 de outubro. Se seu nome não for aprovado, o rei deverá propor um novo candidato.
Reprodução / @NunezFeijoo
Líder da direita conseguiu reunir 172 dos 176 votos necessários para a maioria absoluta
A data-limite para a definição de um primeiro-ministro é 27 de novembro. Se até essa data nenhum candidato for aprovado, eleições gerais serão realizadas em janeiro.
Para viabilizar o nome de Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe), é necessário um acordo para ter o apoio dos independentistas bascos e catalães. Os partidos ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) e Junts aprovaram uma resolução condicionando a investidura de Sánchez à definição das condições para a realização de um referendo, uma via que os socialistas rejeitaram.
A deputada Yolanda Díaz, liderança do atual governo Sánchez, pediu nos corredores do Congresso que todas as forças políticas atuem “com responsabilidade” para formar um novo governo. Alertou que o que está em jogo é o futuro das vidas das pessoas e, apesar das novas exigências dos independentistas, expressou confiança de que haverá um governo de coalizão progressista. “Não façamos mais barulho, já há bastante na sociedade espanhola”, disse, antes de rejeitar a investidura de Feijóo.
Durante seu discurso, em que já admitia a derrota, Feijóo advertiu Sánchez de que o PP não vai se abster caso o rei o designe como candidato. “Não nos peçam o que vocês se recusam a fazer”, afirmou, referindo-se ao fato de que, mesmo tendo sido indicado pelo rei após a vitória do PP nas eleições de 23 de julho, ele, Feijóo, não foi investido pelo Congresso. Segundo o candidato derrotado, restam apenas duas “saídas não honrosas: um governo de mentiras (Sánchez) ou novas eleições”.