Os Estados Unidos enviaram um alerta generalizado aos países do Extremo Oriente sobre uma suposta ameaça da Coreia do Norte à região e a Casa Branca despachou uma “equipe de especialistas” para capitais asiáticas com a missão de espalhar o “aviso” depois de ter recebido confirmação com detalhes sobre o processo de enriquecimento de urânio conduzido pelo governo de Pyongyang, publicou a imprensa norte-americana neste fim de semana.
No sábado (20/11), o site do jornal The New York Times revelou que
um reconhecido cientista norte-americano esteve em instalações
nucleares do regime comunista recentemente e relatou tudo que viu à
Casa Branca. No domingo (21/11), o Washington Post publicou que, em reação, o governo Obama enviou os “especialistas” para capitais da Ásia para informar as autoridades locais sobre as atividades nucleares norte-coreanas.
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A Coreia do Norte mostrou um “enorme complexo secreto” para o enriquecimento de urânio ao professor Siegfred S. Hecker, da Universidade Stanford e ex-diretor do Laboratório Nacional de Los Álamos, no princípio do mês. O cientista norte-americano admitiu em entrevista que ficou surpreso com a capacidade da unidade, na qual viu centenas de centrífugas recém-instaladas em uma velha usina processadora de combustível derivado de petróleo. Segundo ele, o centro de controle era “ultramoderno”.
Ao retornar aos EUA, Hecker fez um relatório à Casa Branca sobre o que testemunhou na Coreia do Norte. O New York Times descreveu a situação como “um desafio” para o governo do presidente Barack Obama. A visita do cientista foi relatada pelo jornal em seu website no sábado (20/11).
Hecker estaria acompanhado do ex-analista da CIA Robert Carlin, também de Stanford, especialista em Coreia do Norte. De 1989 (governo George Bush pai) a 2002 (governo George W. Bush), Carlin chefiou a divisão para “Nordeste Asiático” do Birô de Inteligência e Pesquisa do Departamento de Estado dos EUA, e é um dos interlocutores de Washington junto ao regime de Pyongyang.
Contradições
Já o Post, da capital norte-americana, entrevistou um “funcionário de alto escalão” do governo dos EUA, sem identificá-lo, que relata que a “equipe de especialistas” foi enviada para o Leste Asiático depois de ter recebido o relatório de Hecker, com a confirmação de que o país está de fato enriquecendo urânio.
“Alegação da Coreia do Norte de que tem um programa de enriquecimento de urânio é mais um ato de provocação e de desafio. Se for verdadeira, contradiz suas próprias promessas e compromissos”, disse o funcionário do governo ao Post. “Nós temos suspeitado há muito tempo de que a Coréia do Norte tem este tipo de capacidade, e abordamos isso regularmente diretamente com eles e com os nossos parceiros”.
A confirmação, segundo o jornal, “complica os esforços do governo Obama para combater a proliferação nuclear no mundo”. A reportagem é de John Pomfret, redator do Post especializado na cobertura do Leste Asiático.
Até agora, não há comprovação de que a Coreia do Norte tenha arsenal balístico com capacidade para atingir alvos distantes, nem o regime norte-coreano fez ameaça alguma a países do continente.
Adaptação
De acordo com um especialista dos EUA ouvido pelo Washington Post, a instalação mostrada a Hecker fica em Yongbyon (onde a Coreia do Norte já teve um programa para isolar plutônio para armas nucleares) e processa urânio a baixo enriquecimento, geralmente usado para produzir energia elétrica.
O diretor do Instituto para a Ciência e Segurança Internacional, David Albright, que tem acompanhado o programa nuclear da Coréia do Norte há anos, acredita que o equipamento pode ser adaptado para processar urânio altamente enriquecido e “produzir armas de primeira qualidade”, utilizando plutônio recuperado de barras de combustível nuclear do reator.
No entanto, ao contrário do Irã – que declarou e reiterou repetidas vezes que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos -, a Coreia do Norte não descarta a aplicação bélica da tecnologia nuclear, e faz testes regulares com armamentos capazes de levar ogivas atômicas.
*Com agência Efe.
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