A Coreia do Norte afirma ter obtido imagens da base aérea dos Estados Unidos na ilha de Guam, localizada no oeste do Oceano Pacífico, após ter lançado o “satélite de vigilância” nesta terça-feira (21/11).
De acordo com a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte, KCNA, o líder de Pyongyang, Kim Jong Un, “observou fotos aeroespaciais da Base Aérea de Anderson, do Porto de Apra e de outras bases militares importantes das forças norte-americanas tiradas sobre o céu de Guam”.
Ao confirmar o sucesso do terceiro teste, operação que foi duramente criticada pela tríade formada por Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, as autoridades norte-coreanas não descartam novos lançamentos semelhantes para os próximos meses.
De acordo com a agência sul-coreana YonHap News, o satélite de reconhecimento Malligyong-1 viajou a bordo de um foguete Chollima-1. Este, por sua vez, decolou da zona da cidade de Tongchang, próximo à costa norte do Mar Amarelo, rumo à Coreia do Sul, passando sobre a ilha fronteiriça de Baengnyeong, uma ilha de Incheon.
Suspensão do acordo militar de 19 de setembro
Depois que a Coreia do Norte lançou o satélite de reconhecimento militar em direção ao Oceano Pacífico, o governo sul-coreano suspendeu temporariamente alguns trechos do acordo militar de 19 de setembro. Horas depois do teste, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Seok Yeol, que está cumprindo uma agenda no Reino Unido, presidiu uma reunião extraordinária em Londres para a decisão que, em sua avaliação, “prejudicou a prontidão militar” e deixou a população insegura.
De acordo com o primeiro-ministro sul-coreano, Han Duck Soo, a Coreia do Sul restaurará as operações de reconhecimento e vigilância contra Pyongyang em torno da linha de demarcação militar que divide as duas nações:
“A Coreia do Norte mostra claramente uma relutância em cumprir o acordo militar”, declarou Duck Soo.
Twitter/Yonhap News Agency
Kim Jong Un, líder norte-coreano, comemora o sucesso do lançamento do satélite sobre o Oceano Pacífico
Como diz o nome, o tratado foi assinado em 19 de setembro de 2018, projetado para reduzir as tensões na península coreana e interromper as ações militares hostis, definindo zonas-tampão na fronteira entre os dois países.
Rússia culpa Estados Unidos pelas tensões entre Pyongyang e Seul
Diante da suspensão parcial do acordo, a Rússia, que tem fortalecido os laços diplomáticos com as autoridades norte-coreanas, não deixou de se pronunciar. Moscou alertou o risco do conflito tomar proporções ainda maiores.
Ao veículo estatal sul-coreano KBS, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, defendeu a Coreia do Norte sobre o lançamento do satélite, ao justificar que “foi anunciado com antecedência.”
“A decisão do governo sul-coreano de suspender parte do acordo militar de 19 de setembro como uma retaliação dá abertura para um conflito em grande escala”, declarou Zakharova.
Ao mesmo tempo, a porta-voz da chancelaria russa responsabilizou os Estados Unidos para “as tensões crescentes” em torno da península coreana:
”Isso é resultado das atividades militares agressivas dos Estados Unidos e de seus aliados, que fornecem armas e conduzem treino militar sem descanso”, afirmou, acrescentando que a Rússia defende que todos os problemas envolvendo a península da Coreia sejam resolvidos por meios políticos e diplomáticos, exclusivamente.
A representante da chancelaria russa também rebateu as suspeitas de que a tecnologia militar russa tenha sido transferida para a Coreia do Norte, dizendo não haver provas para tais acusações:
“Os grupos ocidentais continuam criticando a Rússia por suspeitas de cooperação tecnológica militar ilegal com a Coreia do Norte, mas sempre usam o termo ‘probabilidade’, ‘alta probabilidade’, em vez de trazer, de fato, provas”, ressaltou a porta-voz.
Por fim, reafirmou a amizade da Rússia com a Coreia do Norte, ao confirmar que o desenvolvimento das relações entre ambas as nações continuará. De acordo com a porta-voz, Moscou cumpre “de forma responsável, as suas obrigações internacionais, incluindo as resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, e ressalta que isso não contradiz a cooperação entre o país com as nações vizinhas.