A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos em direção ao mar, anunciou o Estado-Maior do Exército sul-coreano nesta quarta-feira (19/07), horas depois da chegada de um submarino norte-americano com ogivas nucleares a Coreia do Sul.
Os lançamentos parecem estar relacionados à chegada na terça-feira ao porto sul-coreano de Busan de um submarino nuclear norte-americano. Este foi o primeiro deslocamento deste tipo de navio à península desde 1981.
De acordo com a agência de notícias estatal Yonhap, o Estado-Maior de Seul explicou que os mísseis foram lançados da região de Sunan, em Pyongyang, e percorreram 550 quilômetros antes de caírem no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão.
O comando militar sul-coreano considerou os disparos como “atos de provocação significativa” e uma clara violação às resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra o desenvolvimento do programa armamentista e nuclear da Coreia do Norte.
O Ministério da Defesa do Japão também detectou os mísseis, de acordo com uma mensagem publicada no Twitter.
Este é o último de uma série de testes armamentistas de Pyongyang. Há menos de uma semana, o líder norte-coreano Kim Jong-un supervisionou pessoalmente o disparo do mais novo míssil balístico intercontinental do país, movido a combustível sólido Hwasong-18.
As relações entre as duas Coreias estão em um dos seus piores momentos. Para complicar mais a situação, Kim pediu que seu regime acelerasse o desenvolvimento de armamentos, incluindo armas nucleares táticas.
Em contrapartida, Seul e Washington intensificaram a cooperação na área de defesa, organizando exercícios militares conjuntos com jatos e outro ativos americanos estratégicos.
Soldado norte-americano é detido na Coreia do Norte
Um soldado norte-americano que passou quase dois meses detido na Coreia do Sul está provavelmente sob custódia na Coreia do Norte, depois de atravessar sem autorização a fronteira entre os dois países, anunciaram as autoridades. O lançamento do míssil não parece estar vinculado a esse evento.
O soldado, identificado pelo Exército dos Estados Unidos como Travis King, que está no exército desde 2021, cruzou a fronteira “voluntariamente e sem autorização”, afirmou o coronel Isaac Taylor, porta-voz das forças americanas na Coreia.
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Mísseis de Pyongyang percorreram 550 quilômetros antes de caírem no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão
O Comando das Nações Unidas informou que King estava em uma visita de orientação na Área de Segurança Conjunta (JSA, na sigla em inglês) e acrescentou que acredita que ele esteja sob custódia norte-coreana.
Uma fonte do governo sul-coreano declarou à AFP que “King foi liberado em 10 de julho, depois de passar quase dois meses em uma prisão sul-coreana por acusações de agressão”.
A polícia sul-coreana informou que ele foi investigado por agressão em setembro de 2022, mas não foi detido na época.
O canal americano CBS News, que citou funcionários do governo norte- americano como fontes, informou que um soldado de baixa patente estava sendo escoltado para casa por motivos disciplinares, mas que conseguiu deixar o aeroporto e se juntar a um grupo de turistas.
O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, afirmou que Washington está “monitorando e investigando de perto a situação”.
Desde que a Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um armistício e não com um tratado de paz, os dois países continuam tecnicamente em conflito, e sua fronteira, muito vigiada, consiste em uma zona desmilitarizada.
Soldados de ambos os Estados trabalham frente a frente na Área de Segurança Conjunta, ao norte de Seul, sob a supervisão do comando das Nações Unidas.
O local é também um popular destino turístico, com centenas de visitantes por dia, do lado sul-coreano.
A Coreia do Norte fechou suas fronteiras no início da pandemia de covid-19, em 2020, e ainda não reabriu as passagens. Também reduziu consideravelmente a segurança em seu lado da zona desmilitarizada.
Relações paralisadas
O incidente ocorre em um momento em que as relações entre as duas Coreias são mínimas. A ação diplomática está paralisada e Kim Jong-un ordenou o desenvolvimento armamentista de seu país, incluindo armas nucleares táticas.
Apesar da tensão, a zona desmilitarizada é habitualmente tranquila. Em 1976, dois soldados americanos foram mortos por norte-coreanos devido a uma disputa por uma árvore.
A última deserção na JSA aconteceu 2017, quando um soldado norte-coreano dirigiu um veículo militar e cruzou a fronteira, apesar dos tiros de seus colegas de exército.