O soldado norte-americano Travis King, que cruzou a fronteira para a Coreia do Norte há dois meses, está sob custódia dos Estados Unidos e se se encontra na China, afirmaram representantes do governo norte-americano nesta quarta-feira (27/09).
Pouco antes, a Coreia do Norte havia anunciado que decidira expulsar King, que permaneceu detido depois de entrar no país através da fronteira com a Coreia do Sul, em julho passado, quando se tornou o primeiro norte-americano comprovadamente detido no Norte em quase cinco anos.
Aparentemente, o Norte concluiu que simplesmente não valia a pena manter King, possivelmente por causa dos custos de acomodação e de guardas e tradutores, se ele jamais se tornaria uma fonte significativa de informações militares sobre os Estados Unidos, disse o analista Cheong Seong-Chang, do Instituto Sejong, da Coreia do Sul.
Embora a expulsão de King encerre um episódio cercado de mistério, é quase certo que ela não colocará fim aos problemas dele nem garantirá um regresso festivo aos Estados Unidos, como nas libertações de outros norte-americanos detidos.
O destino dele permanece incerto, tendo sido declarado AWOL (sigla em inglês de “ausente sem permissão oficial”) pelo governo dos Estados Unidos Isso pode significar punição com pena de prisão militar, perda de salário ou dispensa desonrosa.
King, de 23 anos, atravessou a fronteira depois de passar 48 dias numa instituição penitenciária sul-coreana por não ter pagado uma multa imposta em fevereiro por um incidente com a polícia em Seul e, segundo comunicou Pyongyang na ocasião, havia solicitado asilo na Coreia do Norte.
King esteve preso na Coreia do Sul durante dois meses após uma briga numa discoteca e um incidente com a polícia em Seul. Em 10 de julho, saiu da prisão para ser conduzido sob escolta ao aeroporto, de onde deveria ter partido para uma audiência disciplinar nos Estados Unidos. Em vez disso, conseguiu fugir.
Captura de Tela / Vídeo Twitter
Retrato de Travis King, que teria cruzado a fronteira da Coreia do Norte em julho passado
Segundo o comando da força multinacional da Organização das Nações Unidas (ONU) que supervisiona o cumprimento do armistício entre as duas Coreias, King atravessou “voluntariamente e sem autorização” a fronteira.
Pyongyang declarou ter tomado a decisão de expulsar King depois de concluir uma investigação sobre o caso, sobre a qual não foram fornecidos detalhes. Segundo o inquérito, King teria dito que entrou ilegalmente na Coreia do Norte porque tinha “ressentimentos devido a maus tratos desumanos e discriminação racial” no Exército dos Estados Unidos e estava “desiludido com a sociedade desigual dos Estados Unidos”.
Declarações semelhantes já haviam sido atribuídas anteriormente a ele, e não é possível verificar a veracidade delas.
Em 18 de julho, King cruzou a Linha de Demarcação Militar e entrou em território norte-coreano quando participava de uma visita turística à Área de Segurança Conjunta (JSA, sigla em inglês), no coração da fronteira entre as duas Coreias.
Quando o incidente ocorreu, ele estava prestes a ser repatriado como medida disciplinar por seus problemas com o sistema de Justiça sul-coreano.
Um mês depois, o regime norte-coreano reconheceu publicamente a sua detenção após ter entrado “ilegalmente no território” da Coreia do Norte e garantiu que o soldado tinha manifestado desejo de pedir asilo no país ou em um país terceiro.
As autoridades dos Estados Unidos indicaram na ocasião que não conseguiram corroborar as informações publicadas pelos meios de comunicação norte-coreanos, mas que estavam trabalhando para trazer de volta King, cujo estado de saúde é desconhecido.