“Quando todas as mães reconhecerem claramente que dar à luz e criar muitos filhos nada mais é do que patriotismo, a causa da construção de uma poderosa nação socialista que almejamos avançará muito mais rapidamente”, declarou o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, durante a Conferência Nacional das Mães, evento realizado nesta segunda-feira (04/12), pela primeira vez em 11 anos.
Enquanto isso, as organizações partidárias e sindicais de mulheres reforçaram que “as mães devem estar conscientes do seu papel na família e na sociedade, e devemos ajudá-las para que tenham muitos filhos e que estes sejam criados com fidelidade.”
Já as autoridades norte-coreanas enfatizaram a necessidade de aumentar os “benefícios nacionais” que são atribuídos às mulheres com vários filhos, incluindo a priorização no “fornecimento de habitação, alimentos, produtos básicos e serviços médicos”.
As declarações dadas na cerimônia têm manifestado uma preocupação da Coreia do Norte com relação à baixa taxa de natalidade no país. Neste ano, o índice foi de 1,79 nascimento por mulher, atrás dos 2,1 necessários para manter a população, de acordo com o Fundo de População das Nações Unidas.
Na avaliação de Kim Jong Un, a prevenção do declínio da taxa de natalidade norte-coreana demanda um esforço “em conjunto” das mães, tendo elas a responsabilidade de proporcionar uma “boa educação” para as crianças.
As autoridades sul-coreanas mencionaram que esta foi a primeira vez que o líder de Pyongyang tratou diretamente do assunto. “Presume-se que a Coreia do Norte também esteja bastante preocupada com o problema”, afirmou o Ministério da Unificação da Coreia do Sul, nesta terça-feira (05/12).
Twitter/YonHap News Agency
Segundo Kim Jong Un, prevenção do declínio da taxa de natalidade norte-coreana requer políticas de auxílio às mães
De acordo com um balanço feito pela pasta, o avô de Jong Un, Kim Il Sung, fez um discurso no primeiro congresso realizado em 1961. No entanto, Kim Jong Il, o sucessor, não compareceu ao segundo congresso em 1998, nem ao terceiro, em 2005. Já no caso da quarta convenção, realizada em 2012, com a chegada de Kim Jong Un ao poder, o atual líder apenas tirou uma foto comemorativa com os participantes, mas não fez deu nenhuma palavra.
A Agência Nacional de Notícias da Coreia do Norte, a KCNA, confirma que mais de 10 mil pessoas participaram deste quinto evento, incluindo o primeiro-ministro Kim Tok Hoon e outras autoridades-chave, como os secretários do partido Ri Il Hwan, Kim Jae Ryong e Pak Tae Seong.
Coreia do Sul também enfrenta o problema
Este não é um problema isolado para a Coreia do Norte. O governo em Seul também tem realizado diversas campanhas para incentivar a que mulheres tenham mais filhos.
Más condições do mercado, longas jornadas nos serviços, conservadorismo no ambiente de trabalho, falta de acessibilidade a moradias na metrópole, movimentos liderados por gerações mais novas que tentam combater o patriarcado. Estes são alguns dos motivos pelos quais a Coreia do Sul chegou a registrar o menor índice de natalidade do mundo em 2022: 0,78 nascimento por mulher.
No início desse ano, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, providenciou um subsídio mensal a famílias com recém-nascidos como forma de incentivo à população, categorizando o problema como um dos itens prioritários a ser resolvido no país.