O governo de Cuba rechaçou nesta quinta-feira (22/07) as novas sanções impostas pelo Departamento do Tesouro norte-americano contra um oficial da ilha. Segundo o chanceler Bruno Rodríguez, a medida é “infundada e caluniosa”.
“Rechaço as infundadas e caluniosas sanções do governo dos EUA contra o general Álvaro López Miera e a Brigada Especial Nacional. [Os EUA] Deveriam aplicar a si mesmo a Lei Global Magnitsky pelos atos de repressão cotidiana e de brutalidade policial que custaram 1.021 vidas em 2020”, escreveu.
O governo dos Estados Unidos anunciou novas sanções contra Cuba através do Departamento do Tesouro, direcionadas à Brigada Especial Nacional do Ministério do Interior cubano e também ao general Álvaro López Miera, que é o atual ministro das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba. As punições são embasadas na Lei Magitsky, que pune violações de direitos humanos e corrupção por parte de agentes estatais.
Os EUA afirmam que a Brigada foi responsável por supostas repressões no protesto que aconteceu na ilha em 11 de julho. Em nota, o presidente norte-americano Joe Biden disse que as sanções aplicadas pelo seu governo contra Cuba “são só o início” porque o país “irá continuar a impor sanções contra os responsáveis pela opressão do povo cubano”.
Com a medida, López e a Brigada passam a ser incluídos em uma lista chamada de Specially Designated Nationals and Blocked Persons List (SDN), do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA, e ficam impedidos de ter acesso ao sistema financeiro do país, proibidos de entrar em território norte-americano ou de usar transportes aéreos de empresas baseadas nos EUA. Familiares de pessoas sancionadas também sofrem os efeitos da punição.
Em 2016, durante o governo de Barack Obama – do qual Biden era o vice – houve uma grande expectativa para que os EUA e Cuba voltassem a normalizar suas relações diplomáticas. Porém, durante o governo de Donald Trump, muitas das medidas de reaproximação foram revogadas e ocorreu um aumento nas restrições e imposições econômicas por parte de Washington.
CubaMINREX/Twitter
Ministro das Relações Exteriores repudiou anúncio dos EUA de novas sanções contra a ilha
Apesar de muitos analistas apontarem que Biden poderia voltar a rever a questão de maneira mais aberta, o democrata manteve a linha dura de Trump e, como anunciado nesta quinta, deve endurecer ainda mais contra Havana.
As novas sanções se somam às mais de 243 medidas punitivas já impostas pelos EUA contra Cuba. A ilha socialista é alvo de bloqueio econômico há mais de 60 anos, depois da deflagração da Revolução Cubana, em 1959.
Por sua vez, o governo cubano acusa os norte-americanos de estarem por trás das manifestações ocorridas nas últimas semanas, onde milhares de cidadãos foram às ruas protestar por conta da grave crise econômica vivida atualmente.
EUA exercem ‘pressão brutal’ para que países condenem Cuba
O ministro das Relações Exteriores de Cuba denunciou nesta terça-feira (20/07) que o governo dos Estados Unidos exerce o que classificou de “pressão brutal” sobre outros países para que se pronunciem contra a ilha.
“Denuncio que o governo dos Estados Unidos exerce uma pressão brutal contra governos de terceiros países, especialmente os da América Latina, para obrigá-los a fazer declarações condenatórias contra Cuba”, disse o chanceler no Twitter.
Além disso, Rodríguez afirmou que Washington recorre a “manobras intervencionistas” para intensificar bloqueio econômico.
Na quarta-feira, ele questionou o secretário de Estado norte-americano, sobre uma declaração conjunta que estaria circulando entre estados-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), em que os países estariam sendo pressionados por Washington para assinar o documento.
Bruno Rodríguez também denunciou na tarde desta quinta-feira (22/07) que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro estaria apoiando a pressão dos Estados Unidos por adesão coletiva de nota condenatória contra a ilha caribenha.