O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (16/07) que, por ele, a indicação do seu filho Eduardo Bolsonaro para assumir o posto de embaixador em Washington já está definida e que, em conversa, o deputado federal já mostrou interesse.
“Da minha parte está definido. Conversei com ele [Eduardo Bolsonaro] longamente acho que anteontem [domingo]. Há interesse. A gente fica preocupado, é uma tremenda responsabilidade. Acho que, se tiverem argumentos contrários, que não seja isso, chulo que se fala por aí”, disse o presidente após reunião com ministros no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro ainda se defendeu das críticas e disse que a indicação de seu filho para assumir o posto de embaixador na representação mais importante da diplomacia brasileira “não é nepotismo”. “Tem uma súmula do Supremo nesse sentido”, argumentou.
Sobre o processo que levaria Eduardo até Washington, o presidente disse que será necessário consultar o governo norte-americano. “Tem um caminho todo grande pela frente. Tem um termo técnico aí para os Estados Unidos ver se têm alguma coisa contra, é natural fazer isso aí. Tem que conversar com o parlamento”, disse.
Flickr/Planalto
Presidente afirmou que processo para nomeação de filho como embaixador nos EUA é longo e que não configura nepotismo
'E frita hambúrguer também, tá legal?'
Mais cedo, o presidente afirmou que o filho é qualificado para assumir o cargo e ironizou as críticas feitas contra Eduardo sobre o fato de ele considerar o trabalho em uma rede de fast food nos EUA como experiência necessária para se tornar embaixador.
“Eduardo é meu filho, fala inglês, fala espanhol, tem uma vivência internacional muito grande. E frita hambúrguer também, tá legal?”, disse. Na última sexta-feira (12/07), Eduardo se disse apto a comandar a embaixada por sua “experiência” fora do país. Entre as qualificações, citou o fato de ser presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e ter feito intercâmbio nos EUA, onde “fritou hambúrguer”.
Sobre sua aprovação no Senado, onde o deputado será sabatinado e pode ser rejeitado para o posto, Bolsonaro disse que “se não for aprovado, ele fica na Câmara. Ele tem palestras fora do Brasil em outras línguas. É presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. É uma pessoa que está qualificada”.
Críticas comprovam competência
Ainda nesta segunda-feira, Bolsonaro voltou a defender a indicação do filho para o cargo e disse que “se [Eduardo] está sendo criticado, é sinal de que é a pessoa adequada”.
“Por vezes, temos que tomar decisões que não agradam a todos, como a possibilidade de indicar para a embaixada dos Estados Unidos um filho meu, tão criticado pela mídia”, afirmou.
Deputado federal por São Paulo, Eduardo foi indicado pelo pai dias após completar 35 anos, idade mínima prevista pela legislação para que alguém se torne embaixador.
Se confirmada e aprovada pelo Senado, a eventual nomeação de Eduardo para o posto mais importante do serviço diplomático brasileiro colocará o país ao lado da Arábia Saudita, cujo rei, Mohammed bin Salman, indicou o filho para a embaixada em Washington. Este é o único precedente de decisão semelhante pelo mundo.