O vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB), Ary Bergher, entrou com uma ação contra o cantor britânico Roger Waters, para que ele seja impedido de ingressar no Brasil e realizar shows no país.
À Folha de S. Paulo, o advogado disse nesta sexta-feira (09/06) que entrou com o pedido como “cidadão, brasileiro e judeu”, afirmando que o artista seria um “nazista que deve ser contido e preso”.
Isso porque, em maio, Waters realizava um show em Berlim, capital da Alemanha, e vestiu um uniforme de estilo nazista durante a apresentação. A roupa era preta com braçadeiras vermelhas.
De acordo com a mídia alemã, ainda durante o show, Waters exibiu no telão nomes de pessoas que morreram, como de Anne Frank, a jovem judia que morreu em um campo de concentração nazista, e da jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera, que faleceu enquanto cobria uma operação israelense em 2022.
O pedido de Bergher também solicita escolta policial, federal e civil, em possíveis apresentações que o cantor inglês realize no Brasil, para que seja monitorado os shows.
Caso siga com a agenda, Waters tem seis shows marcados no Brasil: Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo. As apresentações estão para acontecer entre outubro e novembro deste ano e fazem parte da turnê de despedida “This is Not a Drill”.
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Roger Waters tem seis shows marcados no Brasil entre outubro e novembro deste ano
Ainda segundo a Folha de S. Paulo, a ação foi endereçada a Flávio Dino, ministro da Justiça do Brasil, no último dia 29 de maio. O vice-presidente da CONIB afirmou esperar um retorno das autoridades brasileiras.
Dino nega censurar previamente Roger Waters
O ministro da Justiça se manifestou neste sábado (10/06) sobre o caso de prender o cantor britânico no Brasil e negou censurar previamente Waters.
Dino disse que a conjuntura brasileira atualmente exige “ponderação, equilíbrio e capacidade de ouvir a todos”, declarando que não lhe cabia “concordar ou discordar” de ações “sem sequer ler os argumentos dos interessados”.
“Posturas ‘canceladoras’, supostamente ‘radicais’ e ‘revolucionárias’, no atual contexto, só servem para fortalecer a extrema direita e propiciar o seu retorno ao poder”, disse.
A fala de Dino ocorreu após ser divulgado que ele teria relatado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux que Waters seria preso caso usasse a vestimenta nas apresentações no país. Pelo Twitter, ele alegou que, no Brasil, “é crime, sujeito inclusive à prisão em flagrante: fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Dino ainda havia frisado que as normas apontadas “valem para todos”, sejam aos que residem ou que entrem no país. Segundo ele, ainda na manhã deste sábado, não havia recebido petição sobre apologia ao nazismo, mas que, recebendo o pedido, irá “analisar com calma e prudência”.