Pelo menos 10 milhões de gregos irão decidir entre o “sim” e o “não” a um acordo nos moldes dos credores europeus no referendo deste domingo (05/07). Para que validar o resultado, ao menos 40% do eleitorado devem participar do processo.
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Premiê sorri para fotógrafos após depositar cédula em Atenas
A votação acontecerá entre 7h e 19h locais (1h e 13h de Brasília), após uma breve campanha que foi marcada pela polarização e sob a pressão do fechamento de bancos imposto pelo governo grego no último fim de semana.
Em meio ao controle de capitais, o governo garantiu transportes públicos gratuitos em Atenas, a fim de facilitar a locomoção e não dificultar a situação financeira da população.
Indecisão e medo
Desde o anúncio da criação do referendo, feito pelo primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras há nove dias, muitos gregos ficaram confusos e indecisos acerca da decisão do “sim” ou do “não” da proposta de credores, representados pela troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional).
A princípio, as pesquisas de opinião apontavam uma vantagem pelo “não”, após ampla campanha do governo – encabeçado pelo partido de esquerda Syriza – que incentiva a população pelo “fim de chantagens” das instituições financeiras internacionais.
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Manifestantes criticam troika e pedem pelo 'não' a acordo com instituições financeiras
Contudo, na medida em que Tsipras foi anunciando medidas de controle de capitais, com o fechamento de bancos e mercados e a restrição de saques a 60 euros diários em caixas automáticos, a população passou a ficar mais apreensiva.
Nas enquetes dos últimos dias encomendadas por jornais gregos, o “sim” passou a ter ligeira vantagem, embora a margem de erro aponte para a possibilidade de um empate, mantendo a disputa ainda acirrada.
Na sexta (03/07), o centro de Atenas foi palco de duas grandes manifestações que concentravam mais de 40 mil pessoas, pelo “sim” e pelo “não”. Para Tsipras, os cidadãos devem dizer “não” ao “medo” e aos “ultimatos” dos credores.
Nesse panorama, os ministros da troika criticaram nos últimos dias a consulta popular e ressaltaram o seu caráter simbólico. Para o vice-presidente da Comissão Europeia para o Euro, Valdis Dombrovskis, por exemplo, a questão que será feita no referendo “não é realmente válida” já que “reflete uma pergunta sobre um programa que expirou”, após Atenas entrar em default na semana passada.
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O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, também vota; ontem, ele disse que europeus faziam 'terrorismo' com Grécia
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Confusos com a falta de clareza que esse referendo pode representar a longo prazo, muitos gregos se questionam, para além de um acordo, o futuro de seu país na zona do Euro ou como membro integrante da União Europeia.
Ao longo da última semana, tanto o premiê, Alexis Tsipras, quanto o ministro das Finanças gregos, Yanis Varoufakis, já disseram que, em caso da vitória do “sim”, eles pretendem renunciar. Apesar disso, ontem, Varoufakis disse que, seja qual for o resultado de domingo, o governo deverá voltar à mesa de negociação com credores.
Calote
Na noite da última terça-feira (30/06), a Grécia se tornou o primeiro país de economia considerada “desenvolvida” a dar calote nos últimos 71 anos. Na ocasião, o governo grego deveria ter realizado o pagamento de uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao FMI.
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Fim de semana foi marcado por protestos a favor e contra acordo com credores
Com o ato, o país heleno também se tornou o maior devedor do fundo internacional, uma vez que deve no total 35 bilhões de euros (R$ 120 bilhões, aproximadamente), como resultado do plano de resgate acordado em 2010. Até o final do ano, a nação ainda deve pagar 5,5 bilhões de euros (R$ 19 bilhões).
Outros partidos
O Partido Comunista KKE se posicionou contra qualquer acordo entre a Grécia e os sócios europeus e pediu aos seus eleitores pelo voto nulo, rejeitando também a possibilidade de mais um resgate que Tsipras está disposto a assinar.
O “não”, por sua vez, pôs de acordo grupos tão ideologicamente opostos ao Syriza, como a partido neonazista e de extrema-direita Aurora Dourada, que considera necessário dar um golpe nos membros da União Europeia.