Sábado, 5 de julho de 2025
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Em mais uma atividade preparatória do Foro de São Paulo, que começa oficialmente nesta quarta-feira (31/07), partidos de esquerda que governam países membros do Mercosul discutiram as negociações para um acordo comercial com a UE (União Europeia). O debate desta terça-feira (30/07) evidenciou as dificuldades para o bloco adotar uma posição comum, já que Brasil, Argentina e Venezuela se mostram contrários a um tratado de livre comércio, enquanto Paraguai e Uruguai defendem a iniciativa.

Vitor Sion/Opera Mundi
O assessor da Presidência da República para assuntos internacionais Audo Faleiro argumentou pelo fim do diálogo “nos términos atuais”. “As negociações com a UE têm os mesmos desafios da Alca. Os europeus fazem as mesmas reivindicações dos Estados Unidos. A agricultura europeia conta com diversos incentivos e, mesmo que eles fizessem concessões nessa área, o acordo continuaria sem valer a pena para nós do Mercosul”, argumentou.

[Audo Faleiro, um dos assessores de Dilma Rousseff para assuntos internacionais]

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Roberto Conde, senador uruguaio e representante do país no Parlasul, defendeu a criação de um fundo para o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas que mostrem possibilidade para que os membros do Mercosul passem a ter complementariedade produtiva. “Se não fizermos acordo com outras partes do mundo, ficaremos presos em nós mesmos. Então a complementação produtiva seria fundamental para sermos uma potência mundial. Temos condições de chegar a isso, fortalecendo as nossas potencialidades internas de desenvolvimento”, afirmou a Opera Mundi.

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“A complementação produtiva é o grande problema do Mercosul e isso não pode depender apenas dos empresários privados, porque daí não vai acontecer. As empresas multinacionais e os mercados estrangeiros pressionam contra essa medida o tempo todo.”, complementou Conde.

Em novembro deste ano, está prevista uma nova rodada de negociações entre os dois blocos regionais. Na ocasião, Mercosul e UE apresentarão suas ofertas para tentar acelerar a formalização de um acordo que é discutido desde a década de 1990.

Outros temas econômicos do Mercosul

O político da Frente Ampla abordou ainda os desafios do bloco para incorporar novos sócios, como Equador e Bolívia. “Se o Equador entra e firma todos os acordos do Mercosul, perde as preferências para vender banana na Europa. Esse produto equatoriano perderia competitividade para Costa Rica, Colômbia e Peru, que já comercializam bananas sem encargos na Europa. O Brasil não é alternativa por ser gigantesco produtor de banana. É um dos dilemas da entrada do Equador no Mercosul. O bloco precisa dar compensações aos países que desejam entrar.”

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O XIX Encontro do Foro de São Paulo, articulação entre mais de 100 partidos progressistas e de esquerda latino-americanos, começa oficialmente amanhã. Representantes de mais de 30 países estão confirmados no evento. Entre os principais nomes que devem participar estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o venezuelano Nicolás Maduro e o boliviano Evo Morales.

Brasil, Argentina e Venezuela são contrários às negociações "nos termos atuais"; nova rodada de propostas será em novembro

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