O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu uma investigação para identificar quem está por trás de um vazamento de documentos secretos sobre a guerra na Ucrânia, adversários e aliados dos Estados Unidos, publicados esta semana nas redes sociais. A imprensa norte-americana divulgou neste domingo (09/04) novas informações reveladas por esses documentos.
Sobre a guerra na Ucrânia, o New York Times mostra a extensão e precisão das informações coletadas pelos Estados Unidos. Os serviços de inteligência norte-americanos poderiam ser informados antecipadamente sobre os alvos dos bombardeios russos – detalhes particularmente valiosos para a Ucrânia. Entretanto, os documentos também mostram que os norte-americanos espionam o Estado-maior e os líderes ucranianos.
Outras informações se referem indiretamente à Ucrânia, como as supostas tentativas do grupo paramilitar Wagner de comprar armas da Turquia, passando pelo Mali. Ou ainda informações sobre o debate no governo sul-coreano sobre a entrega de munição à Ucrânia.
Além destes, outros documentos abordam a situação em Israel. A CIA teria recolhido dados sobre o apoio dado pelo Mossad, o serviço secreto israelense, para os opositores à reforma da Justiça proposta pelo governo de Benjamin Netanyahu, que causa uma onda de indignação no país.
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Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu investigação para identificar quem está por trás de um vazamento de documentos secretos
“Nós estamos em contato com o Departamento de Defesa a respeito da questão e iniciamos uma investigação”, disse um porta-voz do Departamento de Justiça à AFP. O vazamento constante de dezenas de documentos e slides está sendo publicado no Twitter, Telegram, Discord e outras mídias sociais, assim como sites de chat, há alguns dias.
Confiança abalada
A disseminação dessas informações ultrassensíveis na internet terá consequências, em primeiro lugar para a confiança dos parceiros nos Estados Unidos. Com o vazamento, os aliados dos norte-americanos devem ficar mais relutantes em compartilhar informações sigilosas com Washington. As fontes utilizadas pelos serviços secretos norte-americanos, em particular na Rússia, também podem estar ameaçadas.
Para o Washington Post, os vazamentos mostram até que ponto a CIA conseguiu penetrar no Exército e nos serviços de inteligência militar russos – o que poderia ajudar Moscou a identificar e neutralizar os informantes.
O Pentágono afirmou na sexta-feira (07/04) que estava “examinando ativamente o assunto” e que havia encaminhado formalmente o caso ao Departamento de Justiça. Os Estados Unidos podem até alegar que os documentos – ou parte deles – são falsificados.
Mas tanto o Washington Post, quanto o New York Times afirmam que vários funcionários de alto escalão norte-americano autentificaram pelo menos alguns dos despachos. Muitos seriam coerentes com os relatórios da CIA World Intelligence Review, que são compartilhados entre as principais autoridades da Casa Branca, do Pentágono e do Departamento de Estado.