Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, declarou, na última quarta-feira (25/01), que a União Europeia e o Mercosul podem chegar a um acordo ainda em 2023.
“Penso que 2023 pode ser o ano para chegar ao acordo UE-Mercosul. Falei com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e com o seu homólogo argentino, Alberto Fernández, e observo boa vontade e impulso político”, afirmou Michel.
O líder europeu ainda acrescentou que acredita que “a cúpula de julho, em Bruxelas, com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) vai contribuir para uma maior concretização”.
A declaração foi feita por Michel durante entrevista, antes de partir de Buenos Aires, onde participou da cúpula de líderes da CELAC, para estabelecer uma nova dinâmica ao acordo comercial com o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).
“Tanto da parte da UE como no lado regional ainda existem algumas preocupações. Mas é preciso estabelecer prioridades tendo em mente que não é possível resolver todos os problemas do mundo através de acordos comerciais”, disse.
“A atual presidência sueca da UE e a sucessiva espanhola serão importantes para continuar o debate”, apontou, ao lembrar que o acordo resulta de 20 anos de negociações.
Charles Michel/Twitter
União Europeia é um dos principais investidores na América Latina
Michel também apontou que houve período de estagnação no projeto, se referindo ao governo do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, “que não deu aos 27 a impressão de querer seguir em frente”.
Mas Lula, que chamou de “importante parceiro negociador”, à frente de um governo moderado e em seu terceiro mandato, certamente oferece maiores garantias, com obstáculos negociáveis que agora parecem totalmente superáveis, para criar as condições “para poder cruzar a linha de chegada do acordo em 2023”, acrescentou.
O acordo com o Mercosul, para uma população total de mais de 250 milhões de habitantes, significaria a eliminação progressiva de tarifas de produtos europeus nos setores agroalimentar, automotivo, de maquinário, químico, farmacêutico, de vestuário e calçados, beneficiando as empresas da União, com uma economia de bilhões.
A União Europeia é um dos principais investidores na América Latina, e o terceiro cliente comercial, com investimentos que se aproximam de um bilhão de dólares, e um fluxo financeiro e tecnológico, que Bruxelas pretende agora intensificar.
(*) Com Ansa.