Quatro dos protagonistas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido – países que se firmaram como potências econômicas durante a segunda metade do século 20 –, estão oficialmente em recessão.
A última nação a se juntar ao grupo foi o Reino Unido, que anunciou hoje (23) ter registrado uma queda de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no último trimestre de 2008, a maior diminuição em mais de 28 anos, de acordo com as contas mostradas pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NOS, sigla em inglês).
O resultado entre outubro e dezembro de 2008 foi seguido a uma quebra de 0,6% no terceiro trimestre. Dois ou mais consecutivos trimestres de contração são considerados uma recessão. Os analistas temem que 2009 seja pior que 2008 e prevêem que a economia possa registrar uma contração de 2% a 3%, o que representaria a pior queda desde a Segunda Guerra.
O ministro da Fazenda britânico, Alistair Darling, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, declarou que, nas últimas semanas tem ocorrido uma desaceleração substancial na economia. “A produção industrial diminuiu por conta das marcas de exportação, que também foram afetadas.”. Darling acrescentou que o governo deve tomar todas as providências necessárias para ajudar a economia se recuperar, com a cooperação internacional.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, defendeu hoje a resposta do Governo ante a recessão e disse que usa todas as ferramentas a seu alcance para combater a crise financeira. Em entrevista à BBC, Brown disse que esta crise econômica é “diferente” das anteriores e que seu alcance dependerá de que haja uma cooperação efetiva em nível global.
“Cada recessão que atingiu o Reino Unido nos últimos 60 anos foi gerada pela inflação e foi em nível interno. Esta é uma situação completamente diferente. Isto resultou de uma crise bancária global”, declarou o chefe do Governo. O Governo está submetido a um “teste” por causa dos problemas econômicos, mas tem as soluções corretas, declarou Brown.
David Cameron, líder da oposição conservadora, advertiu em discurso ontem (22) que o país se expõe a uma quebra e talvez tenha de pedir resgate ao Fundo Monetário Internacional. “Se continuarmos o caminho de irresponsabilidade fiscal dos trabalhistas, em algum momento – que pode ocorrer muito em breve – vai a acabar o dinheiro”, disse Cameron, que criticou o crescente endividamento público sob o Governo de Gordon Brown.
O analista de investimentos do banco Fortis, Nick Kounis, en entrevista ao Guardian, confirmou a situação de profunda recessão. “É preciso uma política de flexibilização mais agressiva do Banco da Inglaterra (autoridade monetária britânica). A probabilidade de que o Banco Central terá de recorrer a uma flexibilização quantitativa política é maior.” Alguns analistas inclusive prevêem que o Banco da Inglaterra corte a taxa de juros ainda mais, até situá-la entre 0,25% e 0,5% no segundo trimestre de 2009.
Estados Unidos podem estar piores do que Reino Unido, afirma Stiglitz
O prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, acredita que a economia dos Estados Unidos pode estar ainda pior que a do Reino Unido. Em declarações ao jornal britânico The Independent, Stiglitz afirma que o Reino Unido não tem, por exemplo, o problema do setor imobiliário dos Estados Unidos e acrescenta que apesar da indústria de serviços financeiros ter um maior papel na economia britânica do que nos EUA, em ambos países a quebra do setor bancário tem “grandes ramificações”.
O Reino Unido “pode estar inclusive em melhor situação para enfrentar a crise” porque Estados Unidos “seguem tendo problemas com tudo o que sejam nacionalizações”, acrescenta o professor da Universidade de Columbia. “Acho que os Estados Unidos podem ter que gastar US$ 2 trilhões até terminar por perceber que não há outra alternativa e que o Governo deve intervir de modo significativo”.
NULL
NULL
NULL