Durante a conferência de imprensa concedida na cidade argentina de Buenos Aires, nesta sexta-feira (23/02), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, elogiou “o potencial da Argentina” e afirmou que os Estados Unidos fizeram “progressos concretos” sobre “aumentar ainda mais o comércio e o investimento” entre os países, especialmente na exploração do lítio.
A declaração norte-americana foi dada após uma reunião com o presidente argentino Javier Milei, na Casa Rosada, no âmbito da visita de dois dias que Blinken realiza ao país platino com o objetivo de fortalecer as relações bilaterais.
Antes do encontro, o chefe de Estado argentino havia dito que “a Argentina decidiu voltar para o lado do Ocidente, para o lado do progresso, da democracia e, acima de tudo, da liberdade”.
Em fala aos jornalistas, Blinken detalhou que as principais questões discutidas entre as autoridades envolveram a garantia sobre a liberalização do comércio e a exploração de lítio. Acrescentou ainda que os países entraram em acordo para “melhorar o ambiente de negócios e eliminar barreiras aos investimentos que criam empregos” como também “ampliar os investimentos em energia limpa”.
“A Argentina está pronta para desempenhar um papel crítico na criação de cadeias de abastecimento de minerais, especificamente de lítio [..] Nossas empresas estão realizando investimentos significativos para explorar e processar estes minerais”, revelou Blinken.
A coletiva foi concedida junto com a ministra das Relações Exteriores argentina, Diana Mondino, na qual o secretário norte-americano classificou sua visita como “extremamente produtiva” e ainda agradeceu Milei pelo “interesse em fortalecer os laços entre os países”.
Reprodução/ Presidência da Argentina
Presidente da Argentina, Javier Milei, recebe secretário do Estado norte-americano, Antony Blinken, na Casa Rosada
EUA: dolarização depende da Argentina
Blinken acrescentou que o projeto de dolarização que o governo de Milei pretende implementar no país “depende da Argentina” e que espera “ouvir algum plano”:
“Isso [dolarização] depende da Argentina. Esperamos ouvir algum plano, mas deve ser da Argentina. Apoiamos o acordo entre a Argentina e o FMI (Fundo Monetário Internacional), pois pode ser um instrumento muito importante para a estabilização da economia argentina”, disse o chefe da diplomacia norte-americana.
Segundo Milei, que teve uma reunião com a primeira vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath, nesta quinta-feira (22/02), a organização está “disposta a acompanhar” a Argentina na possibilidade de avançar para outro tipo de programa com o Fundo, no qual o conselho norte-americano terá “um forte peso”.
Para Blinken, “é absolutamente essencial” o trabalho que o governo argentino faz na tentativa de estabilizar a economia, dando destaque ao ajuste fiscal. Nesse sentido, assegurou o apoio da Casa Branca para tornar o plano “bem-sucedido”.
“O trabalho com o FMI e os acordos que a Argentina tem com a organização são muito importantes. O Fundo pode ser um instrumento vital para promover a estabilidade da economia argentina”, disse o secretário.
Washington contra 'reocupação' de Gaza
O secretário de Estado norte-americano também se pronunciou sobre a guerra no Oriente Médio envolvendo Israel e Palestina. Blinken afirmou que Washington se opõe à “reocupação” da Faixa de Gaza quando terminar a guerra, após o anúncio dado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de um plano para o pós-guerra que prevê manter o controle na região.
“Não vi o plano. Há alguns princípios básicos que dispusemos muitos meses atrás. Não pode ser uma plataforma para o terrorismo e não deve haver reocupação israelense de Gaza”, esclareceu o representante da Casa Branca, acrescentando que o território de Gaza “não deve ser reduzido”.