O secretário-geral do partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), Oscar Ortiz, afirmou nesta segunda-feira (10/02) que a legenda está disposta a lutar contra ditadores, em resposta à invasão militar na Assembleia Legislativa de El Salvador, ordenada pelo presidente Nayib Bukele.
“Queremos dizer ao presidente que nós já enfrentamos bandidos, com poder e fuzis. Estamos dispostos a resistir no que for necessário pela democracia e estamos dispostos a combater os ditadores”, disse. A FMLN, antigo grupo guerrilheiro socialista formado em 1980, se transformou em partido político em 1992 após a assinatura de acordos de paz com o governo salvadorenho.
Em conferência realizada durante Convenção Nacional do partido, Ortiz declarou que o FMLN “reafirmou” o “compromisso com a democracia”.
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“Hoje definimos a luta a seguir: a luta pela democracia ou pela ditadura. Queremos reafirmar nosso compromisso com a democracia, com a nossa democracia. Imperfeita, mas presente. Imperfeita, mas que a temos construído nos últimos 28 anos na base de muita luta, no trabalho, no diálogo, no entendimento e na negociação. E sobre tudo, tentando sempre fazer o possível para que El Salvado siga crescendo e prosperando”, disse.
Una democracia que hemos construido a base de lucha, trabajo, diálogo, consenso, entendimiento, negociación y sobre todo tratando siempre de hacer posible que #ElSalvador siga creciendo y prosperando.#LaDemocraciaSeDefiende pic.twitter.com/l3p3TExOup
— Oscar Ortiz (@oscarortizsv) February 9, 2020
O secretário-geral ainda afirmou que a invasão militar ordenada pelo presidente do país é uma “confrontação” que pretende “instalar um estado de medo” em El Salvador.
“O presidente da República, Nayib Bukele, será o único responsável se, de todo esse ódio que está sendo gerado, se crie perdas humanas”, disse Ortiz.
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Secretário-geral do FMLN, Oscar Ortiz, rechaçou ações do presidente e reiterou luta pelo democracia
Ainda no domingo (09/02), data da invasão, o FMLN soltou uma nota repudiando a ordem de Bukele de “pressionar” o Parlamento salvadorenho, afirmando que o partido respeita “os valores do povo salvadorenho e seus princípios democráticos”.
A secretária-executiva do Foro de São Paulo, Monica Valente, também rechaçou “as ações do presidente da República de El Salvador contra a democracia, a paz social e o Estado de Direito. Solidariedade com o FMLN, ao grupo parlamentar e ao povo”.
Desde la Secretaría del @ForodeSaoPaulo rechazamos los intentos del Presidente de la Republica de El Salvador contra la democracia, la paz social y el Estado de Derecho. Solidaridad a @FMLNoficial , al @gpfmln Grupo Parlamentario de FMLN y al pueblo! pic.twitter.com/2RWHP8u5g3
— Monica Valente (@movalente) February 10, 2020
Invasão
Na noite de domingo, o presidente Nayib Bukele ordenou que militares e agentes da Polícia Nacional Civil (PNC) invadissem o prédio do Legislativo para “pressionar” os parlamentares pela aprovação de um empréstimo de US$ 109 milhões para financiar um plano de segurança.
A “sessão” que discutiria a medida havia sido convocada de forma extraordinária pelo próprio presidente para este domingo. No entanto, poucos deputados apareceram, o que impediu a aprovação. Muitos deixaram a Casa no momento da entrada das Forças Armadas.
Após a movimentação golpista, Bukele fez um discurso aos apoiadores reunidos na frente do Congresso e “deu” uma semana “de prazo” para que os deputados aprovassem o empréstimo. Caso contrário, mandaria de volta o Exército para o Parlamento.