Atualizada às 15h22
No primeiro caso de ciberespionagem levado às cortes criminais da Justiça norte-americana, os EUA estão processando cinco oficiais do Exército chinês, acusados de hackear empresas do país para obter vantagens competitivas para Pequim. Em meio ao grande debate sobre as práticas de vigilância digital empreendidas pelas agências norte-americanas — reveladas um ano atrás pelo ex-analista da NSA Edward Snowden —, os EUA acusam os réus de roubar valiosos segredos comerciais e outras importantes informações empresariais em nome do governo chinês.
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Agência Efe
Membros do Departamento de Justiça dos EUA assistem ao procurador-geral, Eric Holder, indiciar os militares chineses
Indiciados criminalmente por hackear cinco grandes empresas norte-americanas e um sindicato, os réus são supostamente membros de um esquadrão cibernético de elite dentro do Exército de Libertação Popular chinês. O procurador-geral dos EUA, Eric Holder, afirmou que as denúncias são “significativas” e, por isso, exigiam uma “reposta agressiva”.
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Entre as empresas afetadas estão United States Steel, Alcoa, Westinghouse Electric, SolarWorld, Allenghny Tecnologies. O maior sindicato de empregados da indústria de aço dos EUA, United Steel Workers, também teria sido espionado pelos réus.
“Procurados”: Departamento de Justiça dos EUA divulgou cartazes com as fotos dos acusados chineses:
FBI issues wanted posters for 5 members of the Chinese military over cyber espionage. pic.twitter.com/5OKqqoDTuc
— malcsb (@malcsb) 19 maio 2014
O Departamento de Justiça dos EUA assegura ter provas sólidas que os levaram a rastrear a fonte do esquema de espionagem, localizado em uma célula militar chinesa (batizada de “Unidade 61398”), que opera em um discreto edifício de escritórios em Xangai.
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“Roubaram informações úteis para concorrentes estatais chineses e obtiveram informação interna sensível de litígios com o objetivo de servir aos interesses de companhias chinesas”, explicou Holder, ressaltando que as perdas financeiras foram “muito significativas” para as empresas afetadas.
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A China acusa os EUA de hipocrisia e, em situações anteriores, já negara envolvimento com as denúncias de pirataria digital. Pequim também alega que seu país é alvo das mesmas práticas levadas a cabo pelas agências de espionagem norte-americanas, que atuam em nível global. O governo dos dois países frequentemente trocam acusações sobre esse assunto; a ciberespionagem é um tema sensível e central para deteriorar a relação entre ambas as nações.
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“Como o presidente Obama já disse em inúmeras ocasiões, nós não coletamos informações para prover vantagens competitivas para companhias americanas”, defendeu-se Holder das acusações. No entanto, uma das denúncias feitas por Snowden em 2013 foi de que o governo dos EUA, por meio de suas agências de vigilância, teria espionado a Petrobras.
A iniciativa do Departamento de Justiça dos EUA é vista, no entanto, como meramente retórica e simbólica. É difícil que os cinco réus sejam extraditados para enfrentar o desenrolar do processo judicial em território norte-americano.
Resposta
Em resposta, o governo chinês anunciou que suspendeu toda a “colaboração cibernética” com os Estados Unidos. “Dada a falta de sinceridade dos EUA em resolver assuntos relacionados com a segurança cibernética através do diálogo e a cooperação, a China decidiu suspender as atividades do Grupo de Trabalho Cibernético Chinês-Americano”, anunciou em comunicado o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Qin Gang.
Segundo o governo chinês, as acusações contra os militares “estão baseadas em falsidades e violam gravemente as normas básicas que governam as relações internacionais”.
(*) Com informações da Agência Efe