O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, realizou nesta quinta-feira (22/06) uma visita à Casa Branca, onde foi recebido pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O encontro entre os mandatários marca o início de uma nova estratégia de Washington para se aproximar do país asiático, como forma de obter um aliado que pode ser decisivo neste novo cenário geopolítico atual, no qual Rússia e China aparecem como seus principais adversários e se encontram cada vez mais unidos.
Em coletiva de imprensa conjunta realizada pelos dois mandatários, Biden disse que “a relação entre os Estados Unidos e a Índia será uma das que irá definir o Século XXI” .
“Desde que me tornei presidente, nós conseguimos avançar na construção de uma relação baseada na confiança mútua, na franqueza e no respeito”, completou.
Por sua parte, Modi disse que “este encontro serve para conversamos sobre o aprofundamento de programas de cooperação comercial e industrial, além do intercâmbio de conhecimento tecnológico”.
Os acordos firmados entre os dois países vão além, e envolvem também uma aproximação no campo militar: um desses contratos prevê o gasto de US$ 3 bilhões em drones de última geração fabricados por empresas norte-americanas para uso em Defesa Nacional.
Brics
A Índia é vista por analistas geopolíticos como um país com grande potencial de crescimento econômico, já que se tornou recentemente o país mais populoso do mundo, superando a China; além de ter um dos maiores territórios do mundo, estrategicamente bem posicionado e repleto de recursos naturais ainda inexplorados, devido a frágil infraestrutura local.
Twitter / Narendra Modi
Modi e Biden se encontraram na Casa Branca, onde assinaram acordos de cooperação comercial e industrial
Outro fator que interessa aos Estados Unidos em sua aproximação com o governo indiano é buscar nessa possível aliança uma forma de enfraquecer o Brics, bloco geopolítico composto também por Brasil, Rússia, China e África do Sul, e que pretende expandir sua influência a partir da sua próxima cúpula, que será realizada em agosto, na cidade sul-africana de Johanesburgo.
Direitos Humanos
A importância da aproximação com a Índia levou a Casa Branca a ignorar um manifesto assinado por mais de 70 congressistas do Partido Democrata, exigindo que Biden aproveitasse o encontro com Modi para abordar questões relativas às políticas do governo asiático que promovem a intolerância religiosa no país.
“Uma série de relatórios independentes, com fontes acreditadas e dados comprovados, mostram sinais preocupantes de encolhimento do espaço político, aumento da intolerância religiosa, perseguição de organizações da sociedade civil e jornalistas, além do aumento das restrições à liberdade de expressão, de imprensa e do acesso à Internet”, relata o documento firmado pelos parlamentares democratas.
Modi é um ultranacionalista hindu que governa a Índia desde 2014, promovendo uma política que reforça a superioridade e os privilégios das comunidades hinduístas no país, que representam mais de 80% da população.
Essas políticas são consideradas opressivas por seguidores de outras crenças, incluindo três que também tiveram sua origem no território indiano, como o sikhismo (seguido por 1,9% da população), o budismo (1,6%) e o jainismo (1,5%), além de religiões de origem estrangeira, como o islamismo (13,8%) e o cristianismo (2,3%).
Com informações de RT, El Periódico e Voz de América