Diante do impasse sobre a Presidência rotativa do Mercosul, a chancelaria paraguaia anunciou nesta sexta-feira (05/08) a convocação “para consultas” seu embaixador na Venezuela, Enrique Jara Ocampos, devido a comentários feitos pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sobre o Paraguai.
“A oligarquia paraguaia, corrupta e narcotraficante, nos persegue. Agora nos persegue o cadavérico [presidente Mauricio] Macri da Argentina, fracassado, repudiado por seu povo. Agora nos persegue a ditadura imposta no Brasil”, disse Maduro nesta quinta-feira (04/08).
Divulgação/Ministério das Relações Exteriores do Paraguai
O embaixador do Paraguai na Venezuela, Enrique Jara Ocampos, foi convocado pela chancelaria paraguaia
A chancelaria decidiu, então, convocar Ocampos, representante paraguaio em Caracas, “para consultas com relação a essas declarações”.
De acordo com a imprensa paraguaia, o governo não descarta retirar sua representação diplomática da Venezuela caso não seja feito um pedido de desculpas oficial ou um esclarecimento das afirmações do mandatário venezuelano.
O Paraguai, assim como o Brasil e a Argentina, não reconheceu a Presidência Pro Tempore da Venezuela no Mercosul, alegando que o país passa por problemas políticos e econômicos e não cumpre com os requisitos para liderar o bloco.
NULL
NULL
Segundo as normas da organização, a Venezuela deveria assumir a Presidência nos próximos seis meses no lugar do Uruguai. Enquanto Paraguai, Brasil e Argentina defendem ser necessário um consenso entre os Estados e um encontro formal para efetuar a passagem, a Venezuela entende que o processo de transição é automático.
Assim, no dia 29 de julho, quando o Uruguai declarou o fim de seu mandato e disse entender que “não existem argumentos jurídicos” para que a Venezuela não assuma a Presidência rotativa do bloco, Caracas informou as chancelarias dos outros membros que assumiria a liderança do Mercosul.
O anúncio foi seguido de protestos por parte de Brasil, Argentina e Paraguai. O ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, afirmou considerar vaga a Presidência da organização e disse que Maduro “não tem condições para assumir” o cargo.
Seu homólogo paraguaio, Enrique Loizaga, disse que a Venezuela não aderiu, até o momento, às normativas internas do Mercosul e criticou o Uruguai por ter deixado “a bola quicando”.
Já a Argentina afirmou que “as decisões regionais são tomadas por consenso e não de maneira unilateral”, e, por isso, não reconhecia a Presidência venezuelana.
As três nações, classificadas pela chancelaria venezuelana como “tríplice aliança”, defendem a formação de uma comissão de embaixadores dos países-membros para dirigir o bloco até o fim do ano, quando se encerraria o mandato da Venezuela e o cargo seria passado para a Argentina.
Diante disso, a Venezuela defendeu seu direito à Presidência e Maduro disse que exerceria “plenamente” o cargo. Nesta sexta, o país realizou uma cerimônia de posse unilateral para oficializar sua Presidência temporária.