Dez operários africanos que dizem ter trabalhado sem documentos nas obras dos Jogos Olímpicos Paris-2024 entraram na justiça contra várias empresas da construção civil na França pedindo o “reconhecimento” do seu trabalho.
A intimação perante o tribunal do trabalho visa quatro gigantes do setor: Vinci, Eiffage, Spie Batignolles e GCC, as principais empreiteiras das futuras instalações olímpicas, além de oito subempreiteiros que empregaram diretamente estes trabalhadores africanos, vários deles originários do Mali.
Os dez trabalhadores, já regularizados, denunciam há vários meses a sua “exploração” nestas obras onde atuavam sem contrato de trabalho e sem receber folha de pagamentos. Eles exigem “o reconhecimento de contrato de trabalho”, conforme explicou o sindicalista Richard Bloch, que os acompanha no processo de regularização.
“Pagamentos atrasados”
Nos autos apresentados em 31 de março, o sindicato e os trabalhadores exigem ainda o pagamento de salários atrasados, o reconhecimento de “desligamento sem causa real e grave” e que os mestres de obras que utilizaram esse trabalho irregular sejam responsabilizados.
Wikicommons
Construções para Jogos Olímpicos em Paris são abalados por escândalos de más condições de trabalho
Há um ano, o Ministério Público de Bobigny, perto de Paris, abriu uma investigação preliminar, em particular por “trabalho clandestino” e “quadrilha organizada de emprego de estrangeiros sem permissão”, depois que verificações permitiram identificar vários trabalhadores irregulares em um canteiro de obras olímpico.
Após criticarem as violações de direitos humanos para a organização da Copa do Catar, os franceses acabaram descobrindo que as obras de preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, acontecem com a exploração de trabalhadores estrangeiros ilegais na França.
A Olimpíada de Paris prometia ser exemplar – em 2018, o comitê organizador se engajou a “fazer respeitar as normas internacionais do trabalho” e impor condições “decentes” para aqueles que ajudarem a capital francesa a realizar o evento. Porém, os Jogos são abalados por escândalos no sentido contrário. As denúncias de más condições de contratação de trabalhadores estrangeiros se acumulam desde o ano passado.