A cúpula do G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, começa oficialmente nesta quinta-feira (05/09) na cidade russa de São Petersburgo e durará dois dias. Os líderes das principais potências do mundo já estão na antiga capital da Rússia e aumentam as expectativas para o que vai ser colocado à mesa durante o encontro.
Apesar da crise econômica e das questões cambiais, tudo indica que a cúpula abordará extraoficialmente e nas reuniões paralelas ao fórum temas de política externa. A possível intervenção norte-americana na Síria e as espionagens dos Estados Unidos fazem parte do cardápio das negociações.
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A presidente Dilma Rousseff chegou ontem à noite (03) em São Petersburgo, mas ainda não teve nenhum encontro com líderes do grupo do G20. Dilma se encontrou com o ministro de Relações Exteriores, Luiz Figueiredo, que substituiu Antonio Patriota, e recebeu o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Agência Efe
Dilma chegou à Rússia nesta terça e tem seus primeiros compromissos oficiais amanhã
Há uma expectativa de que Dilma Rousseff se pronuncie sobre a espionagem que Brasília sofreu de Washington. A diplomacia brasileira estuda pedir o adiamento da visita de Estado da presidente brasileira aos Estados Unidos, marcada para outubro, e espera uma resposta dos norte-americanos. O gesto brasileiro demonstra, diplomaticamente, o descontentamento com os controles feitos pela inteligência norte-americana no Brasil.
Na manhã desta quinta-feira (05/09), Dilma terá um encontro bilateral com o presidente da China, Xi Jinping, em um hotel de São Petersburgo. Estão previstas também reuniões com os líderes do Japão e da Coreia do Sul, além de uma importante rodada de conversas com os representantes dos países dos BRICS.
As reuniões entre os emergentes pretendem catalizar as negociações para a crianção de uma reserva de divisas comum para as cinco economias. A recente desvalorização das moedas do Brasil (real) e da Índia (rúpia) frente ao dólar aumentou a preocupação com o câmbio e a pressão sobre esses países. A intenção é criar uma reserva que possa lidar com as oscilações do valor das moedas nacionais.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou nesta tarde encontros bilaterais com o presidente da China e com o francês, François Hollande. A China é contra uma operação militar na Síria, enquanto os franceses manifestaram apoio à intervenção.
Presidência russa do G20
A presidência russa já está sendo considerada por muitos como a mais atípica de todos os fóruns do G20, com uma cobertura midiática que extrapola os interesses econômicos, trazendo à tona temas sociais e reavivando disputas com ares de Guerra Fria.
Segundo o documento ao qual Opera Mundi teve acesso, o principal objetivo da presidência russa do G20 é o “desenvolvimento de um conjunto de medidas destinadas a impulsionar o crescimento suntentável, inclusivo e equilibrado e a criação de postos de trabalho em todo o mundo”.
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A Rússia acredita que as discussões de todas as questões interligadas da agenda do G20 estão organizadas em torno de três prioridades: crescimento com empregos de qualidade e investimento, crescimento através de confiança e transparência e crescimento através de uma regulamentação eficaz.
Para garantir legitimidade, transparência e eficiência ao G20, a presidência russa planeja realizar consultas alargadas de sensibilização com todas as partes interessadas, incluindo os países que não fazem parte do G20, organizações internacionais, setor privado, sindicatos, sociedade civil, jovens, grupos de reflexão e universidades. “A interação ativa entre todos esses grupos vai gerar uma sinergia inter setorial para aumentar o benefício público do G20”, cita o documento. Os russos afirmam que esta é outra inovação da presidência da Rússia do G20.
O ex-ministro da Fazenda russo Alexei Kudrin disse em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira que o resultado fundamental da presidência da Rússia G20 é a aprovação do Plano de Ação St.Petersburg, que inclui, entre outros, “o compromisso por parte dos governos para se envolver no processo de consolidação fiscal, resolver a crise da dívida e reduzir o peso da dívida, além de promover o crescimento e apoiar as pequenas e médias empresas”.
Kudrin destacou que o ano de presidência russa no grupo das potências mundiais teve muitos benefícios. “Eu tenho muita confiança no G20. Este fórum tem grandes perspectivas”, concluiu.