O terceiro ato massivo de protestos contra Jair Bolsonaro que ocorreu neste sábado (03/07) em mais de 300 cidades brasileiras e de outros países ganhou destaque na imprensa mundial. O jornal The New York Times disse que “escândalos de vacina ameaçam Bolsonaro enquanto protestos se espalham.
O periódico norte-americano destacou ainda que, após a lentidão com que o governo se moveu para adquirir imunizantes contra a covid-19, os brasileiros estão “furiosos com escândalo de corrupção envolvendo acordo de vacinas”.
O escândalo de propinas, descreveu o jornal, foi digno de um “reality show”. “O palco principal foi uma sala de audiência do Congresso, onde dezenas de testemunhas lançaram luz sobre a resposta caótica do governo à pandemia, que matou mais de 520 mil no país”, disse.
O jornal também lembrou do superpedido de impeachment feito por um “grupo de legisladores de uma ampla gama de partidos descrevendo dezenas de supostos crimes”.
O documento, entregue na sexta-feira (30/06), tem um total de 46 signatários e unifica denúncias e argumentos que já foram apresentados nos outros 123 pedidos de impeachment protocolados na Câmara, mas que não foram pautados pelo presidente Arthur Lira.
“Eles [os crimes] vão desde as ações do presidente para enfraquecer as instituições democráticas até relatos de negligência e prevaricação que impediram a campanha da vacina contra covid-19 no Brasil”, apontou o periódico.
Por sua vez, o jornal britânico The Guardian destacou que “enormes multidões de manifestantes voltaram às ruas das maiores cidades do Brasil para exigir a remoção de um presidente que culpam por mais de meio milhão de mortes”.
O periódico disse que muitos deles agitavam a bandeira verde e amarela do país em um esforço para recuperar este que se tornou símbolo de seguidores de Bolsonaro.
A agência de notícias norte-americana Associated Press destacou que, enquanto Bolsonaro enfrenta protestos, o Supremo Tribunal Federal dá “OK” para investigação ao governo.
“Protestos contra o presidente Jair Bolsonaro se espalharam pelo Brasil no sábado, um dia depois que um juiz do Supremo Tribunal Federal autorizou uma investigação criminal sobre sua resposta a denúncias de possível corrupção envolvendo um acordo de vacinação”, disse.
Na mesma linha, a emissora catari Al Jazeera noticiou que os protestos aconteceram após a autorização do STF em investigar alegações de corrupção relacionadas à compra de vacinas.
Ricardo Stuckert
Terceiro ato nacional foi realizado neste sábado (03/07) em mais de 300 cidades
Bolsonaro até agora se recusou em tomar vacina e semeou dúvidas sobre a imunização, lembrou o jornal, tendo também propagandeado “curas milagrosas não comprovadas” e subestimado a “gravidade de uma pandemia que matou mais de meio milhão de brasileiros”.
Já a agência de notícias britânica Reuters destacou que os protestos ocorrem enquanto a campanha de vacinação no país segue em lentidão.
O periódico também disse que os protestos, originalmente marcados para acontecer em 24 de julho, foram antecipados “depois que as evidências de irregularidades relacionadas ao acordo da vacina foram apresentadas a um comitê do Senado que investiga o tratamento do governo federal para a pandemia”.
O jornal francês Le Monde destacou a frase de uma manifestante na chamada da matéria sobre os protestos: “poderíamos ter evitado todas essas mortes”.
O Le Monde disse ainda que a manifestação é a terceira que acontece de forma nacional desde o final de maio, e que “a imagem do Chefe do Estado, que se apresentava como o campeão da luta contra a corrupção, nunca esteve tão enfraquecida”.
O periódico também apontou para uma pesquisa do Exame-Ideia em que 59% dos brasileiros afirmaram que o governo de Bolsonaro é ruim.
“Dezenas de milhares de pessoas pedem a saída de Jair Bolsonaro”, destacou o argentino Página 12. De acordo com o jornal, “a novidade” neste protesto foram os slogans contra a corrupção, “questão que ficou escancarada com a CPI da Pandemia.
“Trabalhadores, camponeses, jovens e mulheres chamam o governante de genocida e se perguntam quantas mortes mais terão que ocorrer para acabar com o pesadelo de um governo que não cuida dos despossuídos”, destacou a emissora de televisão latino-americana TeleSur.
Também lembrou que o país já registrou mais de 18.742.025 casos de contaminação da covid-19 e 523.587 mortes resultantes da crise sanitária vivida no Brasil.