A diretora do Centro Nacional de Inteligência (CNI), Paz Esteban, foi demitida pelo governo espanhol, nesta terça-feira (10/05), por envolvimento no caso de espionagem que ficou conhecido como Pegasus. Segundo fontes governamentais citadas pela imprensa espanhola, a demissão da diretora foi decidida na reunião do Conselho de Ministros ainda nesta terça.
A saída de Esteban ocorre depois que um relatório do Centro Criptológico Nacional (CCN), vinculado ao CNI, confirmou a brecha de segurança que permitiu que o celular do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e de pelo menos três ministros do seu gabinete, da Defesa, do Interior e das Relações Exteriores, fossem espionados.
O órgão responsável pela inteligência espanhola já havia sido alvo de críticas, após a descoberta da espionagem contra 65 figuras do movimento independentista catalão, incluindo todos os presidentes desta região desde 2010. Embora não se conhecesse o responsável, todos os olhares se concentraram no CNI.
A própria Estaban confirmou na semana anterior, na Comissão de Segredos do Congresso dos Deputados, que o centro que ela dirigia emitiu autorizações judiciais que permitiram a espionagem de pelo menos 18 pessoas relacionadas com o independentismo, entre as quais estava o atual presidente da Catalunha, Pere Aragonés, que tinha sido espionado quando era vice-presidente. Além disso, teriam sido grampeados os telefones de outras dez pessoas desse círculo.
Ministerio de Defensa/Flickr
Paz Esteban teria permitido uma brecha de segurança que facilitou a espionagem do celular do próprio primeiro-ministro Pedro Sánchez
O caso resultou em duras críticas provenientes da oposição, dos partidos catalães e do Unidas Podemos, parceiro minoritário dos socialistas no governo liderado por Sánchez. Durante estas semanas eles exigiram responsabilizar personalidades oficiais, inclusive pedindo a demissão da chefe do Ministério da Defesa, Margarita Robles.
O gabinete de Sánchez comprometeu-se a levar a cabo duas investigações, uma interna no seio do CNI e outra a cargo do Provedor de Justiça.
Caso Pegasus
Pegasus é um poderoso aplicativo espião, de nível militar, criado pela empresa israelense de software de segurança NSO Group. Segundo o jornal The Guardian, o grupo seria “regulado de perto” pelas autoridades de exportação do governo de Israel.
A empresa afirma que vende o programa a governos para uso contra terroristas e criminosos, e teria salvado “dezenas de milhares” de vidas. Além do Pegasus, a NSO também cria aplicativos de “rastreamento” de coronavírus para o governo israelense.
No entanto, em julho de 2021, uma investigação revelou que o app estava sendo usado para espionar líderes e personalidades políticas internacionais como o próprio Sánchez, além do presidente da França, Emmanuel Macron, o da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e também jornalistas de todo o mundo.
(*) Com SputnikNews.