Os Estados Unidos e a Rússia podem assinar um novo acordo para o controle de armamento antes do fim do ano, revelou a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, após jantar esta noite (6) em Genebra, com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov. Foi a primeira reunião de alto-nível entre os dois países desde que Barack Obama assumiu a presidência.
“Queremos chegar a um acordo antes do fim do ano, é uma das prioridades mais importantes de nossos governos”, disse Hillary à imprensa, acompanhada por Lavrov.
Os dois países assinaram um acordo de redução de armamento, conhecido por START-3, em 2002. Mas Lavrov disse que Moscou patrocina a idéia de um novo tratado, pois o anterior estaria “obsoleto”.
Durante a campanha eleitoral, Obama propôs a redução de armas nucleares estratégicas dos dois países a uma quantidade inferior ao limite entre 1.700 e 2.200, estabelecido pelo acordo de 2002.
Novo começo
Hillary afirmou que os Estados Unidos encaram o encontro com os russos com o desejo de “promover um novo começo” nas relações bilaterais, deterioradas durante a administração anterior, muito em parte pela decisão de George W. Bush de instalar um escudo de defesa anti mísseis na Europa Oriental.
Washington afirma que o escudo, formado por um radar na Polônia e uma base anti mísseis na República Tcheca, está orientado para evitar um ataque nuclear do Irã, mas a Rússia sempre se opôs pois teme que seja usado contra seu território.
Na quinta-feira (5), o primeiro ministro Vladimir Putin manifestou que seu governo vê com bons olhos se Washington redesenha o sistema anti-misséis, tendo em conta “as preocupações” russas. “Este é um novo começo não apenas para melhorar nossas relações, mas também para liderar o mundo em áreas importantes”, afirmou Hillary.
No início do encontro, a secretária de Estado norte-americana ofreceu a Lavrov um pequeno interruptor, dizendo que ao “apertar” o botão vermelho, as relações entre os dois países voltariam a zero. Como um novo começo.
“Não temos tempo a perder”
Hillary não foi muito específica em relação aos temas que os dois conversaram, mas disse que abordaram “uma série de assuntos nos quais temos ainda de trabalhar em conjunto”. “Uma coisa é certa, não temos tempo a perder, por isso, vamos começar de imediato a traduzir nossas palavras em gestos”, disse Hillary.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores russo, com um sorriso nos lábios, garantiu que estabeleceu “uma relação extraordinária” com Hillary, ao mesmo tempo em que admitiu que os dois “não estão de acordo em muitos temas”.
“Decidimos trabalhar para melhorar cada um deles”. “Temos muito trabalho e vamos trabalhar. Não acho que haja muito mais que dizer, exceto que percebemos que as nossas relações de hoje têm uma oportunidade que não podemos perder”, afirmou Lavrov.
Irã e Coréia do Norte
O alto funcionário russo indicou que a Rússia e os Estados Unidos tentarão chegar a um acordo sobre como enfrentar os programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte e desvalorizou as preocupações norte-americanas quanto à venda de sistema de defesa anti-aérea russos a Teerã, fato que os Estados Unidos consideram como uma ameaça direta a Israel.
“Apenas estamos entregando armas defensivas ao desestabilizador da região”, afirmou.
O encontro dos dois ministros do exterior antecede o primeiro encontro de Obama com o seu homólogo russo, Dmitry Medvedev, nos primeiros dias de abril em Londres.
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