Centenas de estudantes secundaristas e universitários se juntaram nesta quarta-feira (06/11) à jornada de protestos contra o governo do Líbano que entra na terceira semana consecutiva.
Foram registradas marchas estudantis em diversas cidades pelo país, em regiões do norte como Akkar e Tripoli, a até áreas costeiras como Jounieh e Jbeil. Na capital, Beirute, uma longa marcha tomou as ruas e uniu os manifestantes iniciais com os universitários e secundaristas que saíram às ruas.
“Estamos nas ruas para garantir para nós mesmos um futuro melhor, porque a maioria de nós está se formando sem nenhuma oportunidade de emprego e está sendo forçada a deixar o país”, disse um dos universitários à emissora catari Al Jazeera.
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Ainda nesta quarta-feira, estradas foram bloqueadas durante os atos e os manifestantes cercaram prédios onde funcionam serviços públicos como ministérios, órgãos judicais e sede de telecomunicações.
Na capital, os prédios do Banco Central do Líbano e da companhia estatal de energia Electricite du Liban tiveram suas entradas bloqueadas por manifestantes.
Diversos casos de repressão policial foram registrados pelo país. Em Beirute, soldados do Exército foram filmados arrastando de forma violenta alguns estudantes que protestavam em frente ao Ministério da Educação. Em Koura, região norte do Líbano, membros das Forças Armadas ameaçaram prender os estudantes secundaristas que bloqueassem a avenida principal da cidade.
Wikicommons
Na capital, os prédios do Banco Central do Líbano e da companhia estatal de energia Electricite du Liban tiveram suas entradas bloqueadas
Protestos
Desde o último dia 17 de outubro, os protestos paralisaram o Líbano e tiveram como estopim uma proposta do governo para taxar o uso do aplicativo de mensagens WhatsApp.
Os manifestantes, no entanto, aproveitaram para levar às ruas sua insatisfação com o custo de vida, o desemprego, a dívida pública e a corrupção.
No último dia 29 de outubro, o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, anunciou sua renúncia ao cargo durante um discurso televisivo. “Tomei essa decisão depois de ouvir os pedidos dos manifestantes. Por 13 dias, o povo libanês esperou por uma decisão para uma solução política que iria parar a deterioração”, disse o premiê na ocasião.
Antes da renúncia, Hariri havia apresentado um plano de reformas econômicas para tentar acalmar os ânimos dos manifestantes que tomaram as ruas do país.
O fato de o presidente do Líbano, Michel Aoun, ainda não ter iniciado o processo para a escolha do novo premiê aumentou a insatisfação popular com o governo e a renúncia de Hariri acabou não tendo o efeito esperado de arrefecer os protestos.