A tensão entre os Estados Unidos e o Irã atingiu um ponto alto na última quinta-feira quando o presidente norte-americano Donald Trump ordenou um bombardeio contra o aeroporto de Bagdá, no Iraque, que matou o general da Guarda Revolucionária iraniana Qassim Soleimani. Em represália, Teerã atacou bases iraquianas que abrigavam soldados dos EUA e prometeu expulsar a ‘presença maligna’ de Washington na região.
Em entrevista a Opera Mundi, o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Reginaldo Nasser disse que o conflito entre os dois países deve entrar em uma nova faze após a escalada de tensão e EUA e Irã viverão em um estado constante de vigilância e conflitos periféricos, uma situação de “paz armada”.
“Os países vão viver um tipo de guerra prolongada, uma guerra sem fim, com ações armadas em vários países, em vários fronts. Agora é o momento de distensão, uma paz armada, uma paz violenta, mas o estado de tensão vai continuar”, disse. Para Nasser, o fato de Trump ter baixado o tom em seu primeiro pronunciamento após a resposta iraniana é uma tentativa de “dissuadir o Irã, uma tática utilizada em conflitos desde a Guerra Fria.
FORTALEÇA O JORNALISMO INDEPENDENTE: ASSINE OPERA MUNDI
“Porque se aquilo fosse levado até as últimas consequências traria problemas para os EUA. Dado o recado, que os EUA combatem o terrorismo, isso bastou para Washington, não interessou ir adiante”, afirma.
Sobre a postura de Teerã, o professor acredita que o governo do presidente Hassan Rouhani se sentiu pressionado na escolha da represália contra os EUA por uma “massa na rua e setores radicais”.
Mehdi Pedramkhoo/Tasnim
Para Nasser, fato de Trump ter baixado o tom em seu primeiro pronunciamento após a resposta iraniana é uma tentativa de ‘dissuadir o Irã’
“A represália do Irã é um ato para seus aliados. O ataque não teve vítimas, mas ao mesmo tempo mostrou poderio na destruição. Os atores tentaram encontrar um equilíbrio para não irem à guerra de fato”, disse.
Nasser ainda considerou que os motivos que levaram Washington a matar o general iraniano são de “ordem doméstica” e citou o impeachment contra o presidente Donald Trump e as eleições presidenciais que acontecem este ano no país.
“O que sempre motiva os presidentes norte-americanos são questões domésticas. As domésticas são de vários tipos, momentâneas ou conjunturais. As momentâneas são o impeachment e as eleições. As conjunturais passam pela estratégia imperialista”, afirmou.
Veja entrevista completa: