Atualizada em 12/01/2018 às 10:00
Em 12 de janeiro de 1822, a assembleia nacional da Grécia, reunida na cidade de Epidauro, proclama a independência do país, então dominado pelo Império Otomano. Os gregos começavam ali sua guerra de independência contra os turcos.
A primeira assembleia de Epidauro aprova uma constituição democrática, monarquista, e forma um governo. Contudo, o jovem país logo se envolve numa guerra civil e os turcos aproveitam para ocupá-lo novamente, com o apoio do Egito e da Rússia. Graças à intervenção das grandes potências europeias, a Turquia acabou reconhecendo a soberania da Grécia em 1829. A independência definitiva do país seria proclamada somente em 3 de fevereiro de 1830.
Já em 1814, nacionalistas gregos fundam a Filikí Etaireía (Sociedade dos Amigos), com o objetivo de preparar um movimento de independência organizado. Em 25 de março de 1821, o bispo Germanos deflagra o movimento de independência no Peloponeso, que, com altos e baixos, dura até 1829.
A guerra de independência da Grécia atraiu grande parte da sociedade europeia, principalmente a intelectualidade romântica, que viu no conflito a luta pela liberdade da pátria considerada berço da civilização ocidental. Uma imensa quantidade de voluntários não-gregos lutaram pela causa, incluindo, por exemplo, o poeta inglês Lorde Byron. Por vezes, os otomanos encontravam-se a ponto de suprimir a revolução grega totalmente, não fosse a intervenção da França, Inglaterra e Rússia.
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“O massacre de Chios”, de 1824
O conde Ioannis Kapodístrias, ministro russo das relações exteriores, ele próprio um respeitado patriota grego originário de Corfu, foi eleito presidente provisório da Grécia na terceira assembleia nacional, reunida em abril de 1827. Os gregos pretenderam estabelecer uma república democrática, inspirada nos princípios da revolução francesa e nas tradições que tinham mantido vivas na herança cultural do país. Mas, afinal, a Grécia livre tornou-se uma monarquia.
No momento da independência, o Estado grego possuía apenas um milhão de habitantes num território de 50 mil quilômetros quadrados que compreendia a parte central da moderna Grécia (inclusive a Ática), o Peloponeso, a Eubeia e as ilhas Cíclades. O assassinato de Kapodistrias, em outubro de 1831, levou as potências europeias a concluírem que a Grécia não estava preparada para a democracia. Em 1832, a coroa foi oferecida ao príncipe Oto I da Baviera, que chegou a Náuplia, primeira capital do país, em 6 de fevereiro de 1833. No ano seguinte o rei transferiu a capital para Atenas. A oposição ao absolutismo de Oto I provocou uma revolução que teve como resultado a constituição de 1844, que vigorou durante 20 anos.
A guerra pela independência da Grécia, desde os primórdios, foi extremamente sangrenta, até para os padrões da época. Ainda em 1822, os turcos se vingaram da morte de muçulmanos e massacraram os gregos em Chíos. A batalha inspiraria o quadro “Massacre de Chíos”, do pintor francês Eugène Delacroix. A obra é apenas um reflexo de o quanto a guerra da independência da Grécia mobilizou toda a Europa cristã.